Os homens buscam, incessantemente, a felicidade. Nesse afã, procuram os meios que julgam capazes de lhes proporcionar uma existência confortável, segura e feliz. Via de regra, os bens que a sociedade aponta como pistas da felicidade são: poder, dinheiro, fama, beleza, conforto e conhecimento. Daí cada um, segundo sua própria realidade existencial, vai formando a sua seleção, ou “hierarquia de valores”. Percebemos que algumas coisas são importantes e indispensáveis; outras, menos importantes, dispensáveis e outras até mesmo desnecessárias. Descobrimos o que é, de fato, essencial e o que fica em plano secundário.
A esta altura da vida, estou convicto da minha escala de valores: Deus, família, saúde, amor, amizade, trabalho, conhecimento, dinheiro, poder, etc... É lógico que esta não é uma tarefa fácil. É uma descoberta que não surge da noite para o dia. Somente à medida que os anos passam, vamos acumulando experiências nos diversos setores de atividades. Idealizamos metas e nos empenhamos na conquista de vários objetivos, com a orientação dos pais, mestres, amigos e sacerdotes. Tudo o que vamos conseguindo, sabemos que nos exige muito empenho, esforço e dedicação. E também o que não conseguimos, os tropeços e frustrações não são inúteis, pois passam a valer para todos nós como um rico aprendizado.
Nessa extraordinária escola da vida, aprendemos que as coisas materiais são necessárias, mas não as mais importantes. Como meros administradores dos bens materiais conseguidos, não os levaremos daqui. Ademais, são eles vazios de qualquer sentimento. Somente as pessoas são capazes de amar e de nos dar alegrias. Descobrimos, principalmente, que Deus é o maior bem, o objetivo primordial e permanente.
Sem dúvida, o eterno ocupa o primeiro lugar da escala de valores, porque é o bem que nos acompanha e perdura para sempre. Pressupõe, é claro, a certeza da fé. A confiança na revelação trazida por Jesus de que a vida não termina aqui. A convicção de que a morte, para nós cristãos, é realmente uma piada. O que acaba é a matéria, os componentes químicos e físicos de nosso corpo, que, com a decomposição, se transformam em pó. Mas a chama da vida, o espírito, o que nos faz pensar e amar, o motor, este é imortal e, por isso, como filhos, após a morte continuamos existindo na morada que o Pai já preparou para nós desde todo o sempre. Não é porque tenhamos méritos que isso acontece, porém simplesmente porque Ele nos ama com um amor todo especial de um Pai sem defeitos.
Todo pai deseja o melhor para seus filhos. Se necessário, seria capaz de lhes dar a vida, quantas tivesse. É o amor maior, capaz de renunciar-se a si mesmo. Ora, se nós que somos mortais, nutrimos esse sentimento tão forte, que nos dá força capaz até de atos de heroísmo, quanto mais se poderá esperar daquele Pai, que é o Senhor do tempo e da vida. Dele podemos esperar sempre o melhor, a bondade, a misericórdia, a segurança e a salvação, com muito mais carinho e compreensão do que somos capazes de dispensar e transmitir aos nossos filhos.
Por isso tudo, com certeza o maior bem da hierarquia de valores, o bem supremo é Deus, em quem depositamos toda a nossa esperança. Nosso projeto existencial, via de regra fixado em 80 (oitenta) anos, é um nada, se comparado aos milênios da eternidade.
Gosto muito daquela filosofia de nossos irmãos de estrada, os caminhoneiros que levam essa linda mensagem em seus veículos:
“Não sou dono do mundo, mas sou filho do Dono”.
Essa filiação, de fato, é motivo de alegria e honra para todos. Como filhos temos direito à herança.
Tenho realmente pena daqueles que não têm fé. E maior pena ainda dos orgulhosos, daqueles que descartam Deus, por se julgarem auto-suficientes. Estes sofrem muito, sem perspectivas de um futuro de paz e felicidade plena. Na vida tudo passa. O tempo corre celeremente e, de repente, nos damos conta de que estamos mais pra lá do que pra cá e, como diz a canção, “está chegando a hora!”.
Como é bom ter confiança e certeza de que tudo terminará bem e que alguém nos espera, de mãos estendidas, para o abraço infinito! ..."
Gustavo Dantas de Melo
Borda da Mata, 30 de outubro de 2012.
(Extraído de meu livro "Reflexões", Editora APMP, ano 2001, págs. 15/16).
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