Se meu saudoso pai, Agenor de Mello, estivesse vivo, hoje faria 106 anos. Ele foi a personificação da bondade. Um homem excepcional! Faleceu em 21/01/2001, aos 93 anos.
Permitam-me, caros amigos, homenageá-lo com a matéria que retrata bem sua pessoa, pois teve como regra de vida a lição do grande mestre: "SERVIR".
É bem conhecido o pensamento:
“Quem
não vive para servir, não serve para viver”.
De fato, aquele que vive
somente para si é um ser socialmente inútil. Quando isso acontece,
facilmente se constata a presença do egoísta, ou quem sabe de alguém que
se julga superior aos demais com quem se relaciona.
Quem
cursa as Ciências Jurídicas e Sociais, aprende logo no primeiro ano, nas lições
de “Introdução ao Estudo do Direito”, que o homem é um ser
social. Precisa viver em sociedade para satisfação de suas mais elementares
necessidades. E vivendo em sociedade, surgem inevitáveis conflitos de
interesses, impondo-se a existência de normas de convivência. Daí surgem
naturalmente regras, leis disciplinadoras de conduta. Por isso, a sabedoria dos
romanos sintetizou esta realidade vivencial com o refrão: “Ubi societas,
ibi Jus” (onde há sociedade, aí está o Direito), como se
fossem faces de uma única moeda.
Dessas
considerações iniciais, se extrai a conclusão lógica de que o homem não vive só
e que está na dependência de outros, para preservação de seus múltiplos
interesses. Já em sua gestação no ventre materno, desde a concepção viveu em
estrita dependência de sua mãe. Após o nascimento, não sobrevive sem a ajuda de seus pais e, depois, até a
adolescência e maturidade, quantos não interferem na sua formação?
Assim,
a beleza da existência consiste em nos reconhecermos “pequenos”,
na medida em que todos vivemos na dependência uns dos outros. É como se a vida
fosse grande orquestra e cada um de nós um dos seus instrumentistas, para
harmonia do conjunto. Cada elemento dá a sua contribuição para o resultado que
todos desejam. Se alguém desafina, todo o conjunto é prejudicado. Daí ser
necessário e muito bom que tenhamos dons e trabalhos diversos. O mundo, por
exemplo, seria fedorento sem lixeiros.
Ninguém,
por mais importante ou poderoso que seja, pode afirmar “não preciso de
ninguém”. Na primeira dor de barriga, correrá até a farmácia em busca
do remédio que possa lhe curar. O dinheiro compra muita coisa, mas o amor
verdadeiro não... Este é gratuito, não pede nada em troca. É um dar, sem
preocupação de receber.
Quem
ama tem prazer em servir, porque o seu objetivo é fazer feliz o ser amado.
Compartilha da alegria deste como se sua fosse. Ou melhor, a felicidade de quem
ama é condição sem a qual não conseguiria sorrir. O amor familiar é prova
eloquente dessa grande realidade ora abordada.
Também
na vida social, não podemos ficar indiferentes ao que acontece com a
comunidade. A omissão é um pecado grave, que somente se justifica em caso de
doença que impossibilite nossa participação. Se vivemos na mesma cidade, os
problemas que a afetam nos dizem respeito, diretamente. Assim como fomos
beneficiados pelas realizações que nos garantem melhor qualidade de vida,
também somos prejudicados pelas omissões e falhas que prejudicam toda a
comunidade.
Portanto,
servir é um mandamento cívico que deve nortear a consciência do cidadão.
Colocar nossas potencialidades, gastar algumas horas, gratuitamente, em favor
da comunidade, é uma atividade que sempre nos traz a alegria do dever cumprido.
É a experiência gratificante que sentimos ao longo de 24 anos de trabalho voluntário
dedicado à formação de adolescentes na Guarda Mirim Irmã Martha de Borda da
Mata.
Porque recebemos tanto de
Deus e gozamos de boa saúde, é um privilégio poder servir. É verdade que, numa
sociedade onde parece vigorar a Lei de Gerson (LEVAR VANTAGEM EM TUDO),
alguns julgam os outros por si próprios. Daí muitas vezes surgirem
interpretações maldosas por parte daqueles que desvirtuam os atos dos que são
capazes de dedicar parte do seu tempo, sem qualquer paga, para o bem e
progresso dos que mais necessitam de ajuda.
Inveja,
ingratidão, incompreensão são obstáculos que, com esforço, conseguimos superar.
Pena que tantos ainda não tenham aprendido a sentir o sabor e a alegria de amar
e servir, desinteressadamente!...
Borda da Mata, 01 de
dezembro de 2013.
Gustavo
Dantas de Melo