Introdução

Seja bem-vindo a este “blog”!

O meu objetivo é o de colaborar para a construção de um mundo melhor. Com este intento, pretendo que este espaço seja recheado de pensamentos, poemas, poesias, quadras e textos de minha autoria e de autores diversos.

Espero que a leitura das matérias aqui publicadas lhe tragam descontração e prazer.

Meus dados biográficos:

Gustavo Dantas de Melo, natural de Borda da Mata/MG. Sou filho dos saudosos Agenor de Melo e Maria Dantas de Melo. Casei-me com Maria Jóia de Melo, filha do comerciante Luiz Jóia Orlandi e Maria Delfino Jóia, donos do antigo “Bar do Ponto”, que serviu como o primeiro terminal rodoviário de Borda da Mata. São nossos filhos: Regina Maria (namorado Rafael), Luiz Gustavo (casado com Adriana), Rosana Maria (casada com Darnei) e Renata. Netos, por ordem de chegada: Gabriel, Mariana, Gustavo, Ana Júlia, João Vítor e Ana Luíza.

Advogado, professor secundário e universitário. Promotor de Justiça dos Estados de Minas Gerais e de São Paulo, tendo sido titular das Comarcas de Bueno Brandão/MG, São Luiz do Paraitinga, Cruzeiro, Mogi das Cruzes e São Paulo. Encerrei a carreira ministerial como Procurador de Justiça de São Paulo/SP. Atualmente, exerço a advocacia em Borda da Mata, minha cidade natal e na região do Sul de Minas Gerais.

Autor da obra “Reflexões”, editada pela APMP, em 2001, uma coletânea selecionada de artigos publicados durante o período em que fui diretor chefe do jornal “A Cidade” de Borda da Mata. Em 2009, trouxe à lume minhas “Farpas do Coração”, um livro de memórias, em que registro fatos vivenciados em quase meio século de vida familiar, social e profissional. Ao mesmo tempo, revelo personagens e acontecimentos pitorescos da querida cidade natal, transmitindo, sobretudo, minha experiência ministerial e vivência na cátedra do magistério universitário, ao abordar temas políticos e jurídicos de manifesto interesse nacional.



sábado, 6 de agosto de 2011

Pais e filhos: amor incondicional.

                     “Teus filhos não são teus filhos
                              (Gibran Khalil Gibran)

Teus filhos não são teus filhos
São filhos da vida
desejosa de si mesma.

Não vêm de ti, mas através de ti
e, mesmo que estejam contigo,
não te pertencem.

Podes dar-lhes teu amor,
mas não teus sentimentos,
pois eles têm seus próprios sentimentos!

Deves abrigar seus corpos,
mas não suas almas,
porque elas vivem na casa do amanhã,
que não podes visitar nem sequer em sonhos!

Podes esforçar-te em ser como eles,
mas não procures fazê-los semelhantes a ti,
porque a vida não retrocede,
nem se detém no ontem.

Tu és o arco do qual teus filhos,
como flechas vivas, são lançados.

Deixa que a inclinação em tua mão de arqueiro
seja para a felicidade...

                            “O que pensa um filho do pai
                              (Roger Patrón Luján)

Aos sete anos:
Papai é um sábio; sabe tudo.”

Aos catorze anos:
Parece-me que papai se engana
em algumas coisas que diz.

Aos vinte anos:
Papai está um pouco atrasado em suas teorias:
não é desta época!”

Aos vinte e cinco anos:
O velho nada sabe...
está decididamente caducando.

Aos trinta e cinco anos:
Com minha experiência,
meu pai, com esta idade, teria sido milionário.

Aos quarenta e cinco anos:
Não sei se falo sobre este assunto com o velho;
talvez possa aconselhar-me.

Aos cinqüenta e cinco anos:
Que pena que meu velho já tenha morrido!
A verdade é que tinha umas idéias
e uma clarividência notáveis.

Aos sessenta anos:
Pobre papai, era um sábio!
Que pena que eu o tenha compreendido tão tarde!

                                “Aos meus pais”
                                 (Rodney Collin)
Não me dês tudo o que te pedir;
às vezes eu só peço para ver o quanto posso obter.

Não me dês sempre ordens;
se ao invés de ordens, às vezes me pedisses as coisas,
eu as faria mais rápido e com mais prazer.

Cumpre as promessas boas ou más;
se me prometes um prêmio, dê-mo,
mas também um castigo, se o merecer...

Não me compares com ninguém,
especialmente com meu irmão ou irmã,
se tu me fazes parecer pior que os demais,
então serei eu que sofrerei.

Não corrijas minhas faltas diante de ninguém;
ensina-me a melhorar, quando estivermos a sós!

Não grites comigo!
Respeito-te menos quando o fazes
e me ensinas também a gritar,
e não quero fazê-lo.

Deixa-me valer por mim mesmo;
se tu fazes tudo por mim, nunca aprenderei!

Não digas mentiras na minha frente,
nem me peças que as diga por ti,
mesmo que seja para tirar-e de um apuro;
fazes-me sentir mal e perder a fé no que dizes.

Quando eu faço algo mau,
não me exijas que te diga o porquê;
às vezes nem mesmo eu o sei.

Quando estiveres enganado em algo,
admite-o e crescerá a opinião que tenho de ti
e assim me ensinarás a admitir meus enganos.

Trata-me com a mesma amabilidade e cordialidade
com que tratas teus amigos; ainda que sejamos
família, podemos ser amigos também.

Não me digas que faça uma coisa que tu não fazes;
eu aprenderei e farei sempre o que tu fizeres,
mesmo que não o digas, mas nunca o que dizes e não fazes.

Ensina-me a conhecer e a amar a Deus;
mas de nada vale, se vejo que tu nem o conheces e nem o amas.

Quando contar um problema meu, não me digas:
Não tenho tempo para bobeiras” ou “isso não tem importância”.

Trata de compreender-me e ajudar-me.
E queira-me muito e dize-o;
agrada-me ouvir-te dizê-lo,
mesmo que não o aches necessário..

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A palavra está em crise

      Em setembro de 2001, tive o prazer de editar, através do Departamento de Publicações da Associação Paulista do Ministério Público, o meu primeiro livro “Reflexões”. A minha alegria foi muito grande em receber amigos e parentes, em noite festiva realizada no Clube Literário e Recreativo de Borda da Mata/MG.
      Em sua apresentação, esclareci que aquela obra era composta de crônicas selecionadas que havia publicado no jornal “A Cidade”, durante os 06 anos em que fui seu diretor. Esta “experiência me foi extremamente rica e gratificante”, salientei.
    Neste “blog”, estou aguardando o material para aqui editar também minhas “Reflexões”, a exemplo do meu segundo livro, “Farpas do Coração” e o terceiro (ainda inédito) “Curso de Formação Mapa do Tesouro da Vida”, uma síntese do trabalho desenvolvido pela Guarda Mirim Irmã Martha, já disponibilizados aos meus diletos amigos leitores.
      Peço vênia para publicar uma das crônicas das minhas “Reflexões”, para amostragem deste trabalho que tanta satisfação me touxe, na concretização de um velho sonho. Amo escrever, o meu “rob” predileto, desde a mocidade.
      Finalmente, quero agradecer pela excelente acolhida ao meu “blog”, o que me vale como precioso estímulo. Sem vocês, sem o seu interesse, o meu esforço não compensaria.
      Muito obrigado!

                   “A palavra está em crise”

                    Gustavo Dantas de Melo
(Publicado na edição de 30/10/1.995 do jornal “A Cidade” e página 25 de “Reflexões”/2001)

      Minha geração teve a felicidade de conhecer uma época diferente dos dias de hoje. Os negócios eram sacramentados com um simples aperto de mão. As pessoas tinham vergonha na cara. A palavra de um homem de bem era uma escritura. Merecia crédito e absoluta confiança. Promessa era dívida. Fio de barba era documento. Ninguém faltava a encontro marcado, ao trabalho ajustado e, se algum motivo de força maior o impedisse, mandava recado que justificasse a involuntária ausência.
      Infelizmente, os tempos mudaram. A coisa agora é bem diferente. “Vou ver isso hoje” pode significar que, decorrido um mês “tudo estará na mesma”. “Pode contar comigo” muitas vezes quer dizer: “espera sentado, senão você cansa”.
      Até documento parece inútil. Não se preza mais o nome e a reputação moral. Enfim, a palavra está em séria crise. Crise de vergonha e de responsabilidade.
      É preferível um “NÃO” sincero a um “SIM” com falsidade. Nada mais desagradável do que se contar com alguém que, a última hora, foge ao compromisso assumido. Os de estopim curto vão logo soltando os cachorros em cima do tratante. Com razão, porque os mais calmos bem que gostariam de explodir a sua ira, mas acabam “engolindo sapo”.
      O que será que anda acontecendo? Será que os homens perderam a consciência do valor da palavra empenhada? Um homem sem palavra perde a sua dignidade. Ninguém mais dar-lhe-á crédito, pois quem poderá confiar no que diz? Ainda que, depois, venha a falar a verdade, será recebida como mentira. Sua promessa, então, soará sempre falsa. Nada mais triste e desolador para um homem do que perceber e constatar que sua palavra não tem mais valor algum!
      Como, “não há bem que sempre dure, nem mal que não se acabe”, fico torcendo para que, na corrida do tempo, um dia volte a época em que a palavra valia uma escritura.
      Oxalá isso aconteça logo, pois chega de safadeza e hipocrisia!
      Borda da Mata, 10 de outubro de 1.995.

O VERDADEIRO CONCEITO DE LIBERDADE

     A vida é um dom de Deus. O ser humano diferencia-se dos animais irracionais por sua constituição: corpo + alma (espírito). Distingue-se também dos demais seres por seus atributos essenciais: inteligência, vontade e liberdade.
     A inteligência, marca fundamental da sua filiação divina, fê-lo avançar da era da pedra à era espacial, da cibernética e dos engenhos eletrônicos. De tal forma é o progresso tecnológico e cultural, que muitas coisas que não entendemos, à míngua de conhecimentos específicos, nos parecem misteriosas. Mas na verdade são conquistas concretas, e não abstratas, de um mundo real. Nossos antepassados se assustariam com as notáveis criações eletrônicas, como sofisticados computadores, “iPad” e os infinitos recursos da “internet”.
     A vontade é um dom maravilhoso. É a força propulsora das conquistas de grandes esportistas que a humanidade conheceu, como Pelé, Maradona, Aírton Sena e Guga. Quantas horas de treinamentos diários para atingirem o cume da técnica e da perfeição que revelaram ao mundo. É o motor responsável pelo estudo e cultura, forja dos grandes empreendimentos humanos e o segredo do êxito de cientistas e líderes mundiais. Ninguém se torna célebre da noite para o dia. O sucesso é sempre fruto de muito esforço e dedicação, daquele que, perseverante, acredita em seu potencial e jamais desanima.
     Já a liberdade, tema desta crônica, é o cartão de identidade, a marca registrada do homem e da mulher. Sem ela o ser humano se coisifica, como aconteceu na época da escravatura, nódoa da história humana, em que o negro era objeto de compra e venda.
     É muito bom ser livre! Poder andar pela direita, pela esquerda ou pelo centro. Ficar ou não em casa. Escolher caminhos e optar por decisões. Mas, amigos, a nossa liberdade não é absoluta. Tem limites, encontra barreiras nos mandamentos legais que são coercitivos e não toleram abusos. Impõe-se o respeito aos direitos alheios em conflito com os nossos. O Estado também não nos pergunta se queremos ou não pagar tributos. Somos forçados a fazê-lo. Então, a liberdade do cidadão está condicionada ao bem comum.
     Temos direitos que são indisponíveis. Não somos livres para tudo. Não podemos, por exemplo, dispor de nossas vidas e autorizar que alguém nos mate. A vida não nos pertence, é um direito inalienável. Até a eutanásia (morte piedosa), para abreviar os sofrimentos de alguém às portas de morte irreversível, é incriminada por nossa legislação. Enquanto seja polêmica a apenação ao homicídio eutanásico, preciosa a lição do saudoso jurisconsulto Nelson Hungria, de saudosa memória. Penalista de renome, em seus festejados “Comentários ao Código Penal”, insculpiu esta página luminosa que, prazerosamente, transcrevo:
... O homem, ainda que irremediavelmente acuado pela dor ou minado por um mal físico, não é precisamente a rês estropiada que o campeiro abate. Repugna à razão e a consciência humanas que se possa confundir com a prática deliberada de um homicídio o nobre sentimento de solidariedade e abnegação que manda acudir os enfermos e os desgraçados. Além disso, não se pode olvidar que o sofimento é um fator de elevação moral. Não nos arreceemos, nesta época de retorno ao espiritualismo, de formular também o argumento religioso: eliminar o sofrimento com a morte é ato de estreito materialismo, é desconhecer que uma alma sobrevive ao perecimento do corpo e que a dor é o crisol em que a alma se purifica e se redime para a sua progressiva ascensão às claridades eternas...” (obra citada, vol. V, Editora Forense, pág. 128).
     Os preceitos da moral e da religião não são coercitivos e temos a liberdade de aceitá-los ou não. Mas, via de regra, sua violação acarreta-nos inegáveis sanções no convívio social, como a crítica, a rejeição, o desprezo, o preconceito.
     As leis e tribunais podem e devem proteger situações concretas de uniões incomuns de duas pessoas do mesmo sexo, consolidadas pelo tempo, para evitar injustiças. Não há como fechar os olhos à realidade da vida, sempre surpreendente. Aliás, o conceito de Justiça, desde os romanos, “é a vontade perpétua e constante de dar a cada um o que é seu”.
     Mas, “in medio virtute”, ensina velho adágio latino! Há bandeiras desfraldadas nos dias de hoje que se constituem em verdadeiro atentado à moralidade pública. Não é possível também ignorar a realidade da vida e negar os constrangimentos sociais que iria sofrer uma criança, se viesse a ser adotada por tais casais. “Data maxima venia” de eventual entendimento em contrário – o que respeitamos - não podemos admitir que isto possa acontecer, porque o interesse a prevalecer é sempre o da criança. Não se trata de preconceito, mas de medida protetiva indispensável, para afastar uma situação constrangedora que contraria a natureza das coisas.
     Liberdade de opção sexual tolera-se e se pode compreender e até mesmo aceitar. Mas à Justiça cumpre salvaguardar os princípios, valores éticos e morais consagrados nas leis humanas e divinas. O que deve prevalecer, sobretudo, é o interesse superior do BEM COMUM, norte e fundamento das leis. O desejo de uma minoria não pode sobrepujar à vontade da maioria dos cidadãos. Os costumes e tradições aplaudidos pelo consenso da sociedade universal devem ser respeitados. Liberdade sim, libertinagem não!
     Amigos, a pretexto de avanços, todo cuidado é pouco para não admitirmos o retrocesso aos tempos de Sodoma e Gomorra, cujo fim trágico todos conhecemos.
     Sem pretender ser dono da verdade, esta é a minha modesta opinião que submeto à erudita apreciação de meus nobres leitores.
     Borda da Mata, 05 de agosto de 2.011.
     Gustavo Dantas de Melo 

terça-feira, 2 de agosto de 2011

"Quadras: A Linguagem do Amor"

Um caniço e uma canoa
Dentro dela eu e você,
O barco vagando à toa,
Pra que mais peixe, pra quê?
(Milton Reis)

Até nas flores se nota
A diferença da sorte,
Umas enfeitam a vida,
Outras enfeitam a morte...
(Milton Reis)

Passei a crer nos amigos
E em bondade ainda creio,
Depois que vi dois mendigos
Dividindo um pão ao meio...
(Colbert R. Coelho)

Creio haver um ser divino
E duvido que haja ateus,
O homem, tão pequenino,
Não pode viver sem Deus!
(Waldemar Pequeno)

Sorrindo e fazendo trovas,
Minha vida vou levando
E assim me esqueço das sovas
Que a vida vai me aplicando...
(Mauro Drumond)

Meu coração é uma rosa
Que secaria de dor,
Sem ter a estação chuvosa
Da chuva do teu amor!
(Eno Teodoro Wanke – Rio-RJ)

Se o coração tem razões
Que a própria razão desconhece,
Também ele tem paixões
Das quais jamais se esquece …
(Medagus)

Sem o suor do trabalho
Muitos querem ser felizes;
Pode haver flores sem galho,
Sem o esforço das raízes?
(H. S. De Lima)

Paz, amor, simplicidade:
Três valores colossais,
Mas o homem, na verdade,
Quer ter mais e mais e mais...
(Medagus)

Há entre o homem e o tempo
Contradições bem fatais:
O homem não faz e diz,
O tempo não diz e faz...
(Anônimo)

Eu te desejo, querida,
Pois este é o meu ideal,
Que os dias de tua vida
Sejam noites de Natal!
(Anônimo)

A lição de humildade
A manjedoura nos traz,
Nasce na simplicidade
O Deus de Amor e da Paz!
(Medagus)

Saudades de alguém que outrora
Foi de nosso lar brilhante luz,
Mas que, de repente, foi embora
Pra no céu estar com Jesus!
(Medagus)

Nunca morre quem, na verdade,
Na terra amou intensamente
E fez na vida muita amizade,
Doando de si a toda gente!
(Medagus)

     Ao terminar esta página poética, prazerosamente trago à lume alguns versos que fiz para o nosso Natal, em 1.997. É a mais linda festa do ano, quando brotam em nossos corações os melhores sentimentos de amor e amizade.
     É tempo de recordações dos dias felizes de nossa infância que não voltam mais, porém, não há razões para tristezas! Temos motivos de sobra para agradecer a Deus por nos ter agraciado com tantas bênçãos ao longo de nossas preciosas vidas.

É NATAL

No coração transborda o amor,
Nesta noite feliz, celestial
Nasceu Cristo Jesus, Nosso Senhor,
Sorria, meu irmão, pois é Natal!

Venha depressa a todos abraçar,
Com muito carinho e grande amor,
E aquela paz você vai encontrar,
Paz que vem de Deus, seu Salvador!

A noite é de luz, é tanta a paz
Que inunda e os corações invade!
É presença real de um Deus que traz
A cada um de nós toda a verdade!

Venha matar a sede em “água viva
Desta fonte a jorrar pra eternidade!
Não há outra via, nem alternativa,
A quem quer encontrar felicidade

Mais poesias do repertório das declamações de Narcy de Mello

       O poeta teria ido a um baile e, ao tirar uma formosa dama para dançar, esta se recusou. Contrariado, saiu do salão e buscou aflorar os sentimentos que lhe invadiam a alma, criando lindos versos. Voltando ao baile, foi à forra e conseguiu a oportunidade de entregar e declamar para aquela mesma jovem a poesia que intitulou como “Orgulhosa”.

             ORGULHOSA (Catulo da Paixão Cearense)

Deixa-te disso, criança,
Deixa de orgulho, sossega,
Olha que a vida é um oceano
Por onde o acaso navega.
Se hoje te ostentas nas salas
Com tuas pompas e galas,
Teus nobres brasões de rainha,
Amanhã, talvez – quem sabe? -
Todo este orgulho se acabe
E seja-te a sorte mesquinha!
Deixa-te disso, olha bem,
Olha que a sorte dá, nega e tira
Sangue azul em vós, fidalgos,
Neste século é mentira!
Todos nós somos iguais
Os grandes, os imortais
Foram plebeus como eu sou!
Ouve mais esta lição:
Grande foi Vítor Hugo,
Grande foi Napoleão!

Que valem nobres famílias,
Linhagens puras de avós,
Se o sangue dos reis é o mesmo,
O mesmo que corre em nós!
O que é belo e sempre novo
É ver um filho do povo
Saber lutar e subir,
De braços dados com a glória,
Ao “Pantheon” da historia,
Para honra do porvir.

Ainda pouco pedi-te,
Pedi-te para valsar,
Tu me disseste: és plebeu, és pobre
E não me quiseste aceitar.
No entanto ignoras
Que aquele a quem tanto adoras,
Que te conquista e seduz
Embora seja da nata,
É plena figura chata,
É fósforo que não dá luz!

Agora, sim, já é tempo
De contar-te quem sou eu:
Um moço de vinte anos
Que se orgulha em ser plebeu!
Um batalhador que não cansa
E que ainda tem esperança
De ser mais do que hoje é,
Lutando pelo direito,
Para esmagar o preconceito
Desta fidalguia sem fé!

De que te serves a riqueza,
Se não me podes comprar,
Ainda que possuísses
Todas as pérolas do mar...
És fidalga, sou poeta,
Tens dinheiro? Eu contempo a riqueza do coração!
Não troco uma estrofe minha
Por um teu colar de rainha
Nem por teus troféus de latão!

Por isso quando me olhas
Com esse desdém de altivez,
Rio-me tanto de ti,
Que chego a chorar muita vez!
Choro, sim, porque calculo
Não haver nada mais nulo,
Mais degradante e sem sal,
Que uma mulher presumida,
Toda vaidosa, atrevida,
Soberba, inculta e banal!

            SIMPLICIDADE (autor ignorado)

Vinde ver homens “civilizados”,
Que andais cansados
Dos rumores da cidade,
A casinha de sapé
De Antonio José,
Lá no alto do cafezal!
É uma casinha pequenina,
Sem óleo, sem cal,
Um terreiro bem limpinho,
Varridinho, com as plantas de cheiro:
Alecrim, malva, manjericão.
A janela, o quarto dela,
Sem lençol o colchão,
A cozinha, a panela de feijão.
Nesta casinha, quase nua,
Vivem os dois.
Seu relógio, o sol!
Sua candeia, a Lua!
Senhores da cidade,
Ali mora a felicidade! ...

                     “A BONECA” (autor ignorado)

Então aí recostada,
Com preguiça,
Passando o dia sem fazer nada,
E tua mãe trabalhando!
E nem ao menos caminhas,
Para andar de passo a passo!
Pra que tens as perninhas,
Se queres sempre estar no braço?

Anda! Pega na costura!
Mexe! Caminha!
Que inútil criatura!
Nem parece filha minha!
Teu pai está no serviço,
Bem sabes que precisa de roupas.

Anda! Vamos com isso,
Vá me engomar a camisa!
Não posso mais,
Que casmurra!
Escuta! Que ninguém ouça:
Eu te daria uma surra,
Se tu não fosses de louça!

           “OUVIR ESTRELAS” (Olavo Bilac)

Ora direis: ouvir estrelas?
Certo perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto,
Que para ouvi-las muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto.
E conversamos toda a noite,
Enquanto a Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila, E ao vir do sol, saudoso e em pranto
Inda as procuro pelo céu deserto!

Direis, agora: tresloucado amigo,
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem
Quando estão contigo?
E eu vos direi: amai para entendê-las,
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas!

“DUAS ALMAS” (Alceu Vanozi)
Ó tu que vens de longe,
Ó tu que vens cansada,
Entra e, sob esse teto,
Encontrarás carinho!

Eu nunca fui amado,
E vivo tão sozinho!
Vives sozinha sempre
E nunca foste amada!

A neve anda a branquear
Lividamente a estrada
E a minha alcova
Tem a tepidez de um ninho.

Entra, ao menos até
Que as curvas do caminho
Se banhem no esplendor
Nascente da alvorada!

E amanhã, quando a luz do sol
Dourar, radiosa, essa estrada
Sem fim, deserta, imensa e nua,
Podes partir de novo, ó nômade formosa!

Já não serei tão só,
Nem irás tão sozinha.
Há de ficar comigo uma saudade tua,
Hás de levar contigo uma saudade minha

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Uma vez mais a beleza dos versos

      Em minhas “Farpas do Coração”, mencionei as nossas festas familiares em que nos emocionava o mano Narcy de Melo, com suas magistrais declamações. É impressionante o número de poesias arquivadas em sua prodigiosa memória, o que demonstra ser, de verdade, um amante da arte poética.

    Bem sei que vão pensar que vou fazer um juízo suspeito, por se tratar de um irmão. Mas, meus amigos, jamais vi um declamador que pudesse superá-lo no poder de expressão com que dá vida aos versos em suas apresentações. São elas até mais perfeitas das que cheguei a ver no vídeo, em que também brilharam os grandes e consagrados artistas Rodolfo Mayer e Paulo Autran.

    Dentre estas poesias declamadas por meu mano, algumas são de autores conhecidos e outras ainda não conseguimos identificá-los. É que, as mais das vezes, os versos vão sendo repassados de mão em mão e assim acabam caindo no anonimato.

    O meu desejo sincero é que os apreciadores da arte possam conferir a sua beleza e vivam “momentos de céu”, como costumo dizer.
   
    Gustavo.

O PEDIDO DO MENINO RICO” (autor ignorado)

Papai Noel!
Apesar de dizerem que é mentira,
Eu acredito que você existe!
Não sei por quê?
E quando estou sozinho,
E quando estou bem triste,
Mais esperança, então, tenho em você!

Papai Noel!
Você sabe, eu tenho tudo:
Bicicleta, patins, livros de história,
Eu moro numa casa bonita...
E você tem o endereço
De todas as casas bonitas.

Por isso, Papai Noel,
Eu queria propor uma coisa a você:
Leve para os meninos pobres,
Para aqueles que não acreditam,
Porque não ganham nunca,
Tudo o que você me iria trazer.
E para mim, Papai Noel,
Eu só queria que você
Touxesse minha mamãezinha!

Dizem que ela foi para o céu
E parece que não acha mais
O caminho para voltar ao seu filhinho!
E, com certeza, agora está chorando,
Me procurando, me procurando...
Mas eu sei que você vai trazê-la,
Colhendo-a lá no céu como uma estrela,
Para brilhar em nossa casa abandonada!

É só isso que eu quero
E que, portanto, espero!
Eu tenho tudo, Papai Noel,
Eu não preciso de nada!

“MORENA” (autor ignorado)

Não negues, confessa
Que tens certa pena
Que as mais raparigas
Te chamem “MORENA”!

Eu não gostava,
Parece-me a mim,
De ver o teu rosto
Da cor do jasmim.

Eu, não! Mas enfim,
É fraca a razão,
Pois pouco te importas
Que eu goste ou que não!

Mas olha as violetas
Que sendo umas pretas,
O cheiro que têm!
Vê lá o que seria,
Se Deus as fizesse
Morenas também!

Tu és a mais rara
De todas as rosas
E as coisas mais raras
São as mais formosas!

Há rosas dobradas
E há as singelas,
Mas são todas elas:
Azuis, amarelas,
Da cor da açucena,
De muita outra cor,
Mas rosa morena
Só tu, meu amor!

E olha que foram
Morenas de bem,
As moças mais lindas
De Jerusalém!
E a Virgem Maria?
Não sei, mas
Foi morena também!

Moreno era Cristo,
Vê lá, depois disto,
Se ainda tens pena
Que as mais raparigas
Te chamem “MORENA”!


“FLOR DE MARACUJÁ” (poesia caipira-autor ignorado)

Pois entonce lhes conto
A istória que vi contá,
Pruque rezão nasce roxa
A flor de maracujá.

Maracujá já foi branco,
Eu posso inté lhes jurá,
Mais branco que as claridade,
Mais branco qui os luá!
Quando as flô brotava nele,
Lá pras banda du sertão,
Maracujá parecia
Um ninho só de argudão!

Mais um dia, os meis
Inté nem me lembro,
Si foi maio, si foi junho,
Si foi agosto ou setembro.

Nosso Sinhô Jesuis Cristo
Foi condenado a morrê
Numa cruiz crucificadu,
Longe daqui como quê!

Pregaru o Cristo, a martelo,
E ao ver tamanha crueza
As natureza inteirinha
Pôis-se a chorá de tristeza!

Chorava as flore du campu,
Chorava os rio, as ribera,
Sabiá tamém chorava
Nos gaio da laranjera!

E as florinha ressequida
Olhava só de soslaio
Aquele quadro tão tristi
Pra riba ansim dos seus gaio!
E junto da cruiz havia,
Nos pé de Nosso Sinhô,
Um pé de maracujá
Tupetadinho de flô!

E o sangue de Jesuis Cristo,
Sangue pisado de dô,
No pé du maracujá
Tingia tudas as flô!

E foi pur isso, seu moçu,
Qui as florzinha ao pé da cruiz
Ficaru roxa tamem,
Como o sangue de Jesuis!

E foi assim, minha genti,
A istória que eu vi contá,
Pruqui rezão nasce roxa
A flô de maracujá!

domingo, 31 de julho de 2011

Saiba que pode ajudar as crianças carentes de sua cidade


     Muitos cidadãos, pessoas físicas e empresas, pessoas jurídicas, todos os anos pagam a espécie de tributo denominada "IMPOSTO DE RENDA". Esses valores são descontados na fonte ou pagos, por ocasião das declarações em abril de cada ano, mediante depósitos para a Receita Federal do Brasil e vão para os cofres do governo federal, em Brasília. 
  
     Você sabia que, querendo, pode direcionar parte desse dinheiro do seu IR pago, para beneficiar as crianças carentes de sua cidade?

      Assim dispõe o Decreto 794/93 c/c o artigo 22 da Lei Federal 9.532/97 e Medida Provisória 1.636/97:

      "PESSOA JURÍDICA" – "As empresas públicas e privadas podem destinar para o Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente até 1% do Imposto de Renda devido (lucro real e estimado). A PESSOA FÍSICA pode destinar até 6% do imposto devido."

      Por conseguinte, com amparo nas disposições legais supracitadas, é possível ao contribuinte fazer doação direcionada anual de parcela do valor de seu IR, efetuando depósito na agência local 1.657-8 do Banco do Brasil, conta corrente 9593-1, em favor do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA).

      Qual seria o valor desta doação?

     Exemplificando: o contribuinte, pessoa física, que tem o débito anual de imposto de R$10.000,00 (dez mil reais), poderá direcionar até R$600,00 (seiscentos reais). A pessoa jurídica que teve o lucro real de R$60.000,00 (sessenta mil reais), poderá direcionar também R$600,00 (seiscentos reais).

     Quem paga a doação?

   - Na verdade, o contribuinte simplesmente faz uma antecipação que vale como pagamento; quem realmente paga a doação é o próprio governo federal, pois o valor desta entra (100%) como parcela de pagamento do IR devido pelo contribuinte. Importante esclarecer que esta doação não prejudica, absolutamente, as deduções legais com despesas médicas, odontológicas, instrução, plano de saúde, etc...

     Mas qual seria então o ônus do contribuinte?

     A este resta apenas o encargo de fazer o depósito, no ano base, na conta do Conselho Municipal já mencionada, o que será considerado no exercício do ano seguinte. Assim, exemplificando, as doações do ano de 2.011 (ano base) serão mencionadas na declaração do IR no ano de 2012 (ano exercício). Portanto, repetindo, trata-se simplesmente de uma antecipação de pagamento de parte do IR devido. O recibo da doação, assinado pelo presidente do CMDCA, é o documento que será entregue ao contribuinte, em janeiro do ano seguinte.

      O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) é o órgão oficial que, juridicamente, está habilitado a receber essas doações e credenciado, por lei, a informar à Receita Federal a relação de doadores anuais. Esses informes, oportunamente, se cruzarão com os dados da declaração do contribuinte doador, sem qualquer problema.

     Os recursos obtidos com as doações direcionadas possibilitam ao Conselho desenvolver seus projetos em favor dos menores e adolescentes, inclusive, quando necessário, repassar verbas às entidades que dão assistência às crianças e aos adolescentes de nossa cidade. O Conselho, com mandatos periódicos, é integrado por representantes do governo municipal e de todas as entidades que cuidam dos menores e adolescentes, atuando com a participação e fiscalização direta da ilustre Representante do Ministério Público de Borda da Mata e supervisão do MM, Juízo da Comarca. O presidente do Conselho no atual mandato é o engenheiro civil, Dr. Adolfo Souza Costa Júnior, sendo tesoureiro, o Procurador de Justiça aposentado, Gustavo Dantas de Melo, diretores que, cumprindo dever cívico inafastável, através deste "blog", ora dirigem este candente apelo aos cidadãos bordamatenses.

      Mais do que nunca se faz imperioso esclarecer aos nossos amigos e conterrâneos sobre a necessidade de se conseguir recursos para os projetos em favor das crianças e adolescentes, em desenvolvimento, como o "PROGRAMA INTEGRAÇÃO" e o "CORAL DO CONSELHO". Através destas iniciativas, a entidade vem conseguindo retirar das ruas uma centena de crianças carentes. O CMDCA contratou o Professor Rodrigo para desenvolver, no Poliesportivo Municipal "Irmãos Rocha", um excelente trabalho de educação esportiva, além de outros projetos correlatos de reforço escolar, assistência social, psicológica, apoios médico e odontológico, através de profissionais e voluntários. O Coral, integrado por crianças da rede escolar, está sendo ensaiado com o apoio da Professora Maria Rita Bertolaccini e do Professor Antonio Carlos de Rezende.

      Outros planos de fundamental importância, como o repasse de recursos direcionados por alguns doadores do IR à Guarda Mirim Irmã Martha, entidade que vem desenvolvendo, há mais de 20 anos, o seu notável projeto "CONSTRUIR VIDAS", com a formação de adolescentes, forjando seu caráter, iniciando-os no trabalho como aprendizes e despertando-lhes a consciência de valores cívicos, morais e espirituais; enfim, um trabalho voluntário e gratificante de lançar sementes que frutificarão no futuro.

      De salientar-se também o apoio incondicional ao CONSELHO TUTELAR, em sua missão social de altíssimo valor, para cumprimento das incumbências legais de proteção às crianças e adolescentes e salvá-las do perigo dos vícios do álcool e das drogas, das agressões, livrando-as dos abusos sexuais, ociosidade, abandono e violência, muitas vezes dos próprios pais e ou responsáveis legais.

      Urge também concretizar o plano de criação de uma "ESCOLA DE MÚSICOS", com a contratação de um professor para dar aulas às crianças carentes, como fazia o saudoso maestro Roque, o grande mestre da Lira Bordamatense. Esta corporação musical necessita ser reativada e integrada por músicos nossos, forjados nesta escola. SERÁ TAMBÉM UMA FORMA DE SE CONSEGUIR FORMAR FUTUROS PROFISSIONAIS DA ARTE MUSICAL, o que se reverterá em melhoria salarial para muitas famílias. Sua importância é fundamental, principalmente nos dias de hoje, quando se aguarda, com ansiedade, a realização do notável projeto de "Concha Acústica", cuja maquete está à mostra no saguão do prédio da Prefeitura Municipal.

     Para alguns que gostariam de servir e auxiliar as crianças carentes, ao término destes esclarecimentos, pedimos vênia para invocar a sábia lição da saudosa e santa mulher, MADRE TERESA DE CALCUTÁ, a santa do século, de renome internacional e que, por seu trabalho humanitário em favor dos marginalizados e abandonados nas ruas, fez jus ao PRÊMIO NOBEL DA PAZ:


          "O que eu posso fazer você não pode; o que você pode fazer, eu não posso, mas, juntos, podemos fazer algo lindo para Deus".

      Bordamatense de boa vontade, demonstre o seu amor às crianças e, com certeza, sentirá no coração a alegria de deixar em nossa cidade a sua contribuição, evitando siga para os cofres de Brasília, pequena mas importante parcela do seu IR!

      Como diz a canção, "fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas"!
 
     Afinal, este é um dever cristão e de cidadania que se impõe ao cidadão e à cidadã consciente de que deve utilizar a possibilidade da sua doação direcionada respaldada pela própria lei. Por que razão se omitir, quando é pública e notória a corrupção revelada pelos meios de comunicação social e que, lamentavelmente, existe até nos mais altos escalões do governo federal de nosso país?

      Procure a Diretoria do CMDCA, para dirimir qualquer dúvida e faça sua importante adesão ao trabalho social desta entidade, que busca servir, desinteressadamente!

      Que Deus possa retribuir ao cêntuplo o seu gesto de generosidade e desprendimento!

      Borda, 31/07/2011.

      Gustavo Dantas de Melo