Introdução

Seja bem-vindo a este “blog”!

O meu objetivo é o de colaborar para a construção de um mundo melhor. Com este intento, pretendo que este espaço seja recheado de pensamentos, poemas, poesias, quadras e textos de minha autoria e de autores diversos.

Espero que a leitura das matérias aqui publicadas lhe tragam descontração e prazer.

Meus dados biográficos:

Gustavo Dantas de Melo, natural de Borda da Mata/MG. Sou filho dos saudosos Agenor de Melo e Maria Dantas de Melo. Casei-me com Maria Jóia de Melo, filha do comerciante Luiz Jóia Orlandi e Maria Delfino Jóia, donos do antigo “Bar do Ponto”, que serviu como o primeiro terminal rodoviário de Borda da Mata. São nossos filhos: Regina Maria (namorado Rafael), Luiz Gustavo (casado com Adriana), Rosana Maria (casada com Darnei) e Renata. Netos, por ordem de chegada: Gabriel, Mariana, Gustavo, Ana Júlia, João Vítor e Ana Luíza.

Advogado, professor secundário e universitário. Promotor de Justiça dos Estados de Minas Gerais e de São Paulo, tendo sido titular das Comarcas de Bueno Brandão/MG, São Luiz do Paraitinga, Cruzeiro, Mogi das Cruzes e São Paulo. Encerrei a carreira ministerial como Procurador de Justiça de São Paulo/SP. Atualmente, exerço a advocacia em Borda da Mata, minha cidade natal e na região do Sul de Minas Gerais.

Autor da obra “Reflexões”, editada pela APMP, em 2001, uma coletânea selecionada de artigos publicados durante o período em que fui diretor chefe do jornal “A Cidade” de Borda da Mata. Em 2009, trouxe à lume minhas “Farpas do Coração”, um livro de memórias, em que registro fatos vivenciados em quase meio século de vida familiar, social e profissional. Ao mesmo tempo, revelo personagens e acontecimentos pitorescos da querida cidade natal, transmitindo, sobretudo, minha experiência ministerial e vivência na cátedra do magistério universitário, ao abordar temas políticos e jurídicos de manifesto interesse nacional.



quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

"Alegrias da Missão Paterna"

          Ser pai ou ser mãe é algo indescritível que não dá para explicar. É sentir toda a beleza da paternidade e maternidade, a grandeza do amor mais singelo e puro, que não pede nada em troca. Somente aqueles que passaram pela experiência podem entender e avaliar. É uma emoção ímpar que acelera o coração da gente, porque envolve um sentimento maior, indefinível como o infinito.
         O casamento de uma filha ou filho é outro acontecimento de nível semelhante que toca, profundamente, o coração de qualquer pai ou mãe. Levar ao altar aquela ou aquele que vimos nascer e acompanhamos os passos, com todo o carinho, é também uma emoção transcendental. Um momento importante de nossas vidas, pois marca o cumprimento de uma etapa, dentro da missão especial que Deus nos confiou.
          Outras experiências marcantes enchem de sentido a vida daqueles que abraçaram a tarefa de edificar a sua prole. As sementes frutificam e se desabrocham em flores do jardim familiar. Eis que surgem netos e netas, renovando as mesmas emoções outrora experimentadas com a chegada dos filhos e filhas. Assim, nos sentimos fortes e orgulhosos, ao percebermos nos traços fisionômicos de nossos descendentes algumas de nossas marcas registradas. É a sensação verdadeira de perpetuidade, de realização pessoal e constatação da perenidade do amor que nos une, assim, com laços inquebrantáveis.
          Os anos vão passando celeremente e, de repente, tudo se reinicia, num passe de mágica, agora com os netos. As angústias nos momentos de aflição, as preocupações e trabalhos normais da vida, buscando sempre o melhor para o futuro daqueles a quem amamos.
          Como simples mortais, sofrimentos, doença e até mesmo dolorosa despedida fazem parte desta caminhada. Os mais idosos e, acidentalmente alguém mais novo, regressam à Casa do Pai de todos nós e Autor da vida. Mais dia, menos dia, deste retorno ninguém escapa. “Não temos aqui cidade permanente, mas vamos em busca da futura!”
          É claro, porém, e faz perfeita lógica, que este novo céu, nova casa e nova terra, possibilitarão a continuidade deste amor, por toda a eternidade. Do contrário, a vida não teria sentido algum. À luz da fé, sabemos que um dia estaremos todos juntos, ascendentes e descendentes, na Casa revelada por Jesus, que veio “para nos dar vida e vida em abundância”.
          A ausência temporária daqueles que amamos e a saudade podem nos machucar – e de fato são doloridas – mas a certeza deste futuro reencontro, pela Misericórdia Divina, é a força que nos impulsiona a sentirmos alegria em qualquer circunstância.
          Amigos, por tudo isto, como é bom sermos pais e mães! Reconheçamos que a tarefa não é fácil diante de nossas falhas e limitações. Mas, se Deus confiou em nós, entregando-nos esta missão de amor, tão nobre e gratificante, sejamos dignos dela!
          Borda da Mata, 28 de dezembro de 2.011.
          Gustavo Dantas de Melo

sábado, 24 de dezembro de 2011

"Os Dois Lados"

        Hoje, trago para vocês texto de um cronista de primeira linha. Sempre bem humorado, os seus escritos são muito agradáveis.
         De forma especial, esta crônica fala de nossa querida Mogi das Cruzes e da Vila Oliveira, onde moramos 16 anos e lá deixamos grandes amigos. É muito bom recordar os lugares que fazem parte de nossas vidas.
         “Os dois lados”
         * Rúbens Sudário Negrão
         "Estive em Mogi das Cruzes, visitando os dois filhos e famílias, cheirando as crias, como dizem os caboclos.
         Fiquei 7 dias, retornando logo, para júbilo das noras. Dizia meu pai (com sabedoria) que o hóspede dá duas alegrias: uma no dia que chega e outra no dia que vai embora. Aliás, as duas referidas noras são ótimas esposas e mães. Tão boas que lhes fiz um pedido e tenho sido atendido. Durante minha estada em suas residências, nenhuma falou “ufa” e se o fizer nunca mais volto lá. Por outro lado, embora eu seja um cara chato, prepotente, machista, sistemático, cheio de hábitos, ainda não vi nenhuma colocar a vassoura atrás da porta, com um garfo espetado, remédio infalível para que o hóspede se mande.
         Mogi das Cruzes é uma cidade grande, rica, cheia de vida e progresso, com fábricas, duas universidades, onde se você jogar uma tarrafa, pega no mínimo duzentos japoneses ou descendentes.
         Adoro o lugar, principalmente por causa dos filhos e das cinco netinhas, que são bonitas “paca”. Aliás, os aludidos descendentes estão no afã maravilhoso de fabricar gente. Só que são exagerados: ambos têm gêmeas, o que me deixa preocupado. Logo não mais terei dinheiro nem para o cigarro, pois minha mulher é do tipo avó-mel e tarada para dar presentes: casaquinhos, capinhas, sapatinhos, macacãozinhos, bolas, brinquedos de corda, boneco eletrônicos e outros bichos. Assim não há tatu que agüente! Entretanto, uma coisa me consola e me vinga. Atualmente, os pais compram (e lavam) fraldas. Quero ver quando tiverem de adquirir vestidos e “modess”.
         O ruim de Mogi é o frio. A cidade fica junto de uma serra (parece que é a Serra do Itapeti), que está sempre fumando, cheia de névoa e mistério. Acho que lá deve ter fantasmas aos montes. De noite não ando sozinho de jeito nenhum. Há uma diferença de temperatura de, pelo menos, dez graus, entre Itápolis e Mogi. Nesta época, a gente tem de andar de pulôver, roupa de lã, luvas, ceroula de flanela (tipo minhocão) e capuz (coisa ridícula). Mesmo assim, com o frio gelado e úmido, a gente procura e não acha ... o que é constrangedor.
         Para chegar às casas dos filhos (ambos moram na Vila Oliveira) a gente passa ao lado de um “big” cemitério, com um medão desgraçado, porque, realmente, a porta do desconhecido apavora.
         Vai daí, estive pensando outro dia. Com o correr do tempo, os parentes mais queridos, os amigos mais diretos, os amores também, estão partindo. Pouca gente que amo ainda está deste lado. Quase todos já foram embora. Meus cuidados e minha dedicação, minhas preces não têm adiantado nada. Não consigo impedir a debandada, o que é muito triste, o outro lado já conta com uma multidão imensa, formada pelos que foram caros. Dizem que é a lei, que assim deve ser.
         Por mim acho que os pais, os filhos e os amigos deveriam ser eternos. Às vezes, fico pensando: será que ainda tenho alguma coisa a fazer neste lado, onde quase mais ninguém me escuta, me dá atenção, onde minhas idéias estão ultrapassadas? Em algumas oportunidades tenho a impressão que estou vivendo por teimosia, de favor. Resta apenas um consolo; no futuro, quando chegar ao outro lado, meu Pai, minha Mãe, meus parentes, meus amigos, meus amores, vão me receber de braços abertos, cheios de carinho, cheios de amor. Talvez, Jesus e Deus também estejam lá."
          (* Rúbens foi advogado/SP; nasceu em 1924 e faleceu em 1996).

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

"A resposta de Deus"

        A morte, embora seja algo comum aos seres humanos, continua sempre surpreendendo. Chega como um ladrão em hora inesperada, como revela a sagrada escritura. E a surpresa é muito maior, quando a vítima é de pouca idade, porque contraria a ordem natural das coisas.
       Sempre que nos defrontamos com fatos desta natureza, a razão humana busca uma resposta, procurando entender tão profundo mistério. Buscamos uma explicação, gostaríamos de saber por que motivo a morte tantas vezes atinge crianças e jovens ainda no alvorecer de sua existência. Entretanto, das muitas respostas que surgem através das teses religiosas e filosóficas, estou convencido de que os desígnios de Deus são insondáveis.
       Muitas vezes, essa resposta é revelada no íntimo do coração daquele que fala com o Senhor, batendo à sua porta. À luz da fé, sempre encontramos o remédio que conforta. Mas, acredito que, em alguns casos, nossa humana compreensão é incapaz de entender. Só mesmo na eternidade descobriremos as razões de tais acontecimentos.
       Em seu livro, “Cristo me marcou”, sob o título "A Resposta de Deus", Edições Paulinas, 3a. ed., páginas 48 a 50, o valente cristão Mário Ottoboni, escritor da cidade paulista de Jacareí, a quem tive a honra de conhecê-lo, pessoalmente, notável criador da Associação de Proteção e Assistência ao Cárcere (APAC), relata o importante testemunho da Sra. Ana Adelaide Palmeira de Souza, que fizera o 15º Cursilho de Cristandade da Diocese de Taubaté:
       “Quando tive a notícia do falecimento do menino Pedro Loreto, filho de um amigo, dirigi-me imediatamente para sua casa.
        Que quadro triste! Aquela criança, outrora tão viva, tão engraçadinha, ali estava inerte, sem vida.
        Lembrei-me então das várias vezes que estivera com aquele menino e das vezes em que apenas passava em frente à sua casa e ele dizia ao meu marido:
        - Oi, tio, o senhor não está esquecendo de nada? Não vai dar dinheiro para eu comprar sorvete?
       Uma revolta surda começou a crescer dentro de mim e eu pensava: se Deus existisse, ele não permitiria que uma criança como esta sofresse, como sofreu, dores terríveis, mal-estar, febre e ânsias. Se Deus fosse pai, faria sofrer aqueles que prejudicaram os outros, aqueles que só sabem praticar maldades e não uma criança boa, pura, inocente como esta. Morrer com apenas 6 anos de idade ...
Então, por que nasceu? Só para sofrer?
E assim, não só durante aquela tarde e aquela noite, quando velava o corpinho sem vida, fui me remoendo em pensamentos, mas após o enterro e durante toda a semana. Pensei: vou pedir ao Padre Rodolfo que me ilumine e tire esta revolta de dentro de mim, ou talvez rezando eu encontre resposta para a minha dúvida.
       Assim que saí de casa, quase na entrada principal do cemitério, encontrei justamente aquele amigo que havia perdido o filho e antes que eu lhe dissesse qualquer coisa, ele falou:
        - “Sabe? Esse menino que perdi, foi o anjo que Deus mandou à terra com a missão de salvar a minha alma. Eu sempre fui mau, vingativo. Não perdoava ninguém e o que eu pudesse fazer para prejudicar os outros, eu fazia. Você mesma sabe disso, Adelaide. Lembra-se de tudo o que eu fiz aos meus inimigos políticos? Agora, depois de ver meu menino sofrer durante esses últimos meses (leucemia), meu coração foi se abrandando e hoje não sou mais capaz de prejudicar ninguém, nem mesmo uma mosca.”
         - E depois com muita emoção:
        - 'Essa criança foi mandada por Deus para redimir os meus pecados. Agora eu sou um convertido e de hoje em diante só praticarei o bem.'
        Finalizando, Ana Adelaide Palmeira de Souza afirma com segurança:
       'Foi uma grande lição que recebi, quando pensei que Deus não era Pai e cometia injustiças.
      Deus sabe o que faz! Nós, em nossa pequenez e miséria, é que não sabemos compreender as coisas e os seus porquês'."
       Borda da Mata, 19 de dezembro de 2011
       Gustavo Dantas de Melo

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

"É tempo de esperança"

         Depois do nascimento de Jesus, o mundo nunca mais foi o mesmo. Esse fato importantíssimo dividiu a história. O Natal do Menino Deus trouxe a Boa Nova, fez revelações que encheram de sentido a vida humana. Deus é nosso Pai e nosso destino, a eternidade feliz. Por isso, Natal e Ano Novo é tempo de festa, alegrias e de esperança.
         Mais um ano se passou no calendário da nossa existência. O nosso barco segue navegando em ondas, por vezes calmas, por vezes revoltas como a tempestade que castiga e aflige o náufrago. Mas, apesar de tudo, a rota ainda persiste e acreditamos que, ao final da jornada, a embarcação aportará em terra firme. Tudo acabará bem como nas novelas.
        Fim de ano é tempo de balanço e de renovação das esperanças. Balanço das nossas atividades, ações e omissões, o que fizemos e o que deixamos de fazer. Foram muitas as realizações, os objetivos alcançados; mas, por outro lado, também nos defrontamos com fracassos, decepções e erros cometidos. Tudo tem valor e nos é muito importante! Tudo representa para nós um rico aprendizado de experiências bem ou mal sucedidas.
        É tempo também de renovação de esperanças. Acreditar sempre em nossas potencialidades. Acreditar que, com pequenas correções de rumos e falhas, poderemos retomar as atividades com total possibilidade de êxito. As dificuldades serão superadas, com força de vontade e perseverança. Afinal, sem elas não haveria graça. São elas que dão sabor à vida, pois vale a pena enfrentá-las e sentir a alegria da superação dos obstáculos. O importante é continuar caminhando, com a certeza de que estamos na rota certa. A vitória é apenas uma questão de tempo.
          O ano de 2011 foi cheio de lutas. Não foi fácil, mas vencemos a batalha, graças ao apoio de nossos clientes, colegas de trabalho voluntário, leitores, amigos e familiares, aos quais desejamos um Ano Novo pleno de saúde, paz e grandes realizações. Foi muito bom sentir que valeu a pena o trabalho para a concretização dos ideais que abraçamos, por um mundo melhor!
          Quando as cortinas do Ano Velho se fecham, no horizonte do tempo cintila a luz do Ano Novo que se inicia, ao espocar dos fogos que anunciam a sua chegada. Oxalá 2012 seja um marco na história de Borda da Mata, de Minas e do Brasil, na expectativa do sucesso de seus governantes!
         Oxalá o mundo reencontre os caminhos da paz e os povos possam se dar as mãos, abandonando seus projetos homicidas, dispostos a baixar suas armas de destruição e morte! Que os homens de todas as nações aprendam a respeitar os direitos, a honra e a dignidade dos outros, seus irmãos, a amar a liberdade, a paz e a cultuar os valores eternos e duradouros!
          Borda da Mata, 14 de dezembro de 2.011.
          Gustavo Dantas de Melo

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

"Servir é amar"

        É bem conhecido o pensamento “Quem não vive para servir, não serve para viver”.
De fato, aquele que vive somente para si é um ser socialmente inútil. Quando isso acontece, facilmente se constata a presença do egoísta, ou quem sabe de alguém que se julga superior aos demais com quem se relaciona.
       Quem cursa as Ciências Jurídicas e Sociais, aprende logo no primeiro ano, nas lições de “Introdução ao Estudo do Direito”, que o homem é um ser social. Precisa viver em sociedade para satisfação de suas mais elementares necessidades. E vivendo em sociedade, surgem inevitáveis conflitos de interesses, impondo-se a existência de normas de convivência. Daí surgem naturalmente regras, leis disciplinadoras de conduta. Por isso, a sabedoria dos romanos sintetizou esta realidade vivencial com o refrão: “Ubi societas, ibi Jus(onde há sociedade, aí está o Direito), como se fossem faces de uma única moeda.
       Dessas considerações iniciais, se extrai a conclusão lógica de que o homem não vive só e que está na dependência de outros, para preservação de seus múltiplos interesses. Já em sua gestação no ventre materno, desde a concepção, viveu em estrita dependência de sua mãe. Após o nascimento, não sobreviveria sem a ajuda de seus pais e, depois, até a adolescência e maturidade, quantos não interferem na sua formação?
       Assim, a beleza da existência consiste em nos reconhecermos “pequenos”, na medida em que todos vivemos na dependência uns dos outros. É como se a vida fosse grande orquestra e cada um de nós um dos seus instrumentistas, para harmonia do conjunto. Cada elemento dá a sua contribuição para o resultado que todos desejam. Se alguém desafina, todo o conjunto é prejudicado. Daí ser necessário e muito bom que tenhamos dons e trabalhos diversos. O mundo, por exemplo, seria fedorento sem lixeiros.
       Ninguém, por mais importante ou poderoso que seja, pode afirmar “não preciso de ninguém”. Na primeira dor de barriga, correrá até a farmácia em busca do remédio que possa lhe curar. O dinheiro compra muita coisa, mas o amor verdadeiro não... Este é gratuito, não pede nada em troca. É um dar, sem preocupação de receber.
        Quem ama tem prazer em servir, porque o seu objetivo é fazer feliz o ser amado. Compartilha da alegria deste como se sua fosse. Ou melhor, a felicidade de quem ama é condição sem a qual não conseguiria sorrir. O amor familiar é prova eloquente dessa grande realidade ora abordada.
       Também na vida social, não podemos ficar indiferentes ao que acontece com a comunidade. A omissão é um pecado grave, que somente se justifica em caso de doença que impossibilite nossa participação. Se vivemos na mesma cidade, os problemas que a afetam nos dizem respeito, diretamente. Assim como fomos beneficiados pelas realizações que nos garantem melhor qualidade de vida, também somos prejudicados pelas omissões e falhas que prejudicam toda a comunidade.
        Portanto, servir é um mandamento cívico que deve nortear a consciência do cidadão. Colocar nossas potencialidades, gastar algumas horas, gratuitamente, em favor da comunidade, é uma atividade que sempre nos traz a alegria do dever cumprido. Se recebemos tanto de Deus e temos saúde, é um privilégio poder servir. É verdade que, numa sociedade onde parece vigorar a Lei de Gerson (LEVAR VANTAGEM EM TUDO), muitas vezes alguns julgam os outros por si próprios. Daí muitas vezes surgirem interpretações maldosas por parte daqueles que desvirtuam os atos dos que são capazes de dedicar parte do seu tempo, sem qualquer paga, para o bem e progresso dos que mais necessitam de ajuda.
      Inveja, ingratidão, incompreensão são obstáculos que, com esforço, conseguimos superar. Pena que tantos ainda não tenham aprendido a sentir o sabor e a alegria de amar e servir, desinteressadamente!...
       Borda da Mata, 09 de dezembro de 2011.
       Gustavo Dantas de Melo

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

"É Preciso se Programar Para a Vitória Desejada"

           Você já deve ter ouvido a famosa frase: “Ter tempo é questão de preferência”.
           A vida do ser humano costuma ser agitada. Mas é a pura verdade que, desde o momento em que acordamos até o adormecer, vamos consumindo o tempo ao sabor das nossas preferências. Nossa agenda normalmente está cheia de compromissos. Mas, para as coisas que gostamos de fazer, sempre temos disponibilidade. Damos um jeito. Daí a razão pela qual o pensamento ora analisado é super verdadeiro: “Ter tempo é questão de preferência”.
           O dia tem 24 horas e o período de repouso necessário é apenas de 6 a 8 horas. A jornada de trabalho, em regra, é fixada em 08 horas diárias. Sobram ainda de 8 a 10 horas. Isto significa que uma boa programação acomoda diversas atividades e ainda dá ensejo a reservarmos, pelo menos uma ou mais horas, para o lazer.
           A etapa mais difícil da vida para o cumprimento de tarefas é a adolescência, onde nosso desejo de diversões é intenso. Não é nada fácil, naquela idade, enfrentarmos o período de frequência às aulas nas escolas e ainda reservarmos tempo para os deveres diários e estudos para os exames. Toda essa programação exige muita força de vontade. Fixar um horário para as atividades do dia a dia e cumpri-lo, com fidelidade, sentando à frente dos livros, requer uma decisão firme, orientada pelo ideal a ser atingido. A tentação do ser humano de deixar para começar, amanhã, o que poderia ser iniciado hoje, é uma constante que só os fortes conseguem vencer.
          O estudante não vê a hora de terminar o curso superior e chega até a pensar que a formatura resolve todos os seus problemas. Ledo engano. Com o diploma nas mãos, devidamente registrado pelo órgão competente, aí começa uma nova batalha na profissão escolhida. Muitas dificuldades surgem na competição natural do dia a dia, exigindo um aperfeiçoamento constante em novos cursos, para adquirir os conhecimentos específicos da área profissional almejada.
          No campo do Direito, que foi a carreira que abracei, os primeiros passos na militância funcional exigem prévio aprendizado prático forense, através de estágio em escritório de advocacia. Depois, para aqueles que desejam ingressar em alguma das carreiras, dentre as muitas opções que se abrem aos bacharéis em Direito, a decisão de se preparar para um concurso, onde muitos candidatos disputam poucas vagas, exige determinação incomum. É preciso estudar muito, buscando o aperfeiçoamento, para ser o melhor e fazer, assim, a diferença. É de suma importância enriquecer o vocabulário e se preocupar com a fluência e correção do português, porque entre duas provas com respostas exatas, o examinador fará sua opção pela que apresenta linguagem mais adequada e convincente.
            Fui professor durante 16 anos e fiz vários concursos de ingresso para o Ministério Público. Conheci e vivenciei de perto o problema e, por isso, sempre procurei orientar os meus filhos e alunos sobre a necessidade de organizar a sua agenda e estudar muito, se é que querem, de fato, conseguir abraçar as carreiras que almejam exercer algum dia. Tudo que se alcança na vida pressupõe grande esforço, muitas renúncias, especial força de vontade e fé, confiando nas graças de Deus.
          Lembro-me de um pensamento que me foi transmitido por meu estimado cunhado, colega e compadre Wilson Jóia. O seu exemplo de luta obstinada para ingressar nas fileiras do Ministério Público de São Paulo ficou gravado, indelevelmente, em meu espírito quando me dizia:
Se muitos lá chegaram, também posso um dia conseguir chegar também, realizando o meu sonho”.
            Esse pensamento otimista deve iluminar a vida de todos quantos desejam vencer qualquer obstáculo, por mais difícil que possa parecer. Mas, evidentemente, “é preciso se programar para a vitória desejada”. Ninguém poderá dizer: não consegui atingir o meu ideal, por falta de tempo. Estará enganando a si próprio e ainda não vai convencer a ninguém. Se “ter tempo é questão de preferência”, na verdade apenas terá feito a sua opção preferencial de vida.
          “Diga-me onde gasta suas horas e dir-lhe-ei do que realmente gosta e o que quer realizar em sua vida”.
           Borda da Mata, 08 de dezembro de 2011.
           Gustavo Dantas de Melo

sábado, 3 de dezembro de 2011

"O maior presente"

          Com a chegada de dezembro, o Natal se avizinha. Tempo de luz e de paz em que comemoramos o aniversário do nosso Salvador. Época em que guardamos as melhores lembranças de nossa infância.
          Permitam-me republicar crônica que elaborei no final do século passado, inclusa em meu livro "Reflexões", esperando seja do agrado de meus caríssimos leitores:      
          "À medida que os anos passam, celeremente, sentimos que a vida vai se esvaindo, pouco a pouco. Não há como segurar a marcha inexorável do tempo que voa, enquanto caminhamos para a eternidade.
Há acontecimentos que marcam a nossa existência pela importância de que se revestem. São fatos que guardamos para sempre na lembrança.
Isso acontece na vida individual de cada um. Mas também na vida social há fatos significativos que passam a fazer parte da sua história. Por isso, são registrados em documentos e analisados pelos estudiosos em suas obras, constituindo-se em patrimônio cultural de um povo.
Talvez muitos ainda não se deram conta de um fato histórico da maior importância: O Nascimento de Jesus Cristo. Percebem apenas o fato distante, ocorrido há quase dois milênios, mas talvez ainda não tiveram o desejo de atentar para o seu significado mais profundo.
Precisamos, porém, parar um pouco para meditar e refletir. Surpreendentemente, descobriremos que o Natal é algo por demais grandioso e importante para a humanidade. O acontecimento de tal forma marcou época que iniciou nova contagem de tempo, ou seja, antes e depois de Cristo, dividindo a história humana em dois períodos. Enfim, eis que surge uma nova era ao longo da história. Portanto, esse registro torna indiscutível e constitui prova suficiente de que, em 25 de dezembro, realmente, na cidade de Belém, na Palestina, nasceu um menino chamado Jesus, filho de Maria de Nazaré, casada com José. Ninguém pode duvidar desse acontecimento, nem mesmo os ateus. Não é uma “estória” inventada, mas um fato real. Agora, acreditar ou não que Jesus seja efetivamente o Filho de Deus, que ressuscitou mortos, andou sobre as águas, acalmou tempestade, curou enfermos e operou muitos outros milagres, é uma questão de fé.
A propósito, é oportuno considerar-se também um documento que a Igreja Católica conserva no Vaticano e de imenso valor científico: o Santo Sudário. Trata-se de um lençol de linho puro que envolveu o corpo de Cristo, quando de seu sepultamento e no qual, milagrosamente, ficaram impregnados os caracteres do seu corpo. Por isso, se pode saber que era um homem de estatura elevada. As impressões são como que uma fotografia, mais uma prova autêntica de sua passagem aqui na terra.
Agora que o Natal se aproxima, para nós cristãos é muito bom recordar que um dia Deus visitou o seu povo, revelando ser nosso Pai. Um Pai que nos compreende e nos ama. Porém, não é menos gratificante perceber essa vontade divina de se comunicar conosco. Por isso, Ele se fez homem no seio de Maria, uma mulher especial, mas mulher como as nossas queridas mães. E, fazendo-se homem, assumiu a natureza humana, tornou-se alguém semelhante a nós, exceto no pecado. Esse fato é de muita relevância. Prova maior de amizade sincera e carinho não pode existir. Sem dúvida, o maior presente que a humanidade um dia recebeu.
Depois de sua chegada, trazendo suas revelações e a certeza da vida eterna, já não podemos nos sentir órfãos. As dificuldades da vida, por maiores que sejam, serão superadas. Não estamos por aqui perdidos num mundo cheio de violência, maldades e incompreensões. Sabemos que podemos contar com um amigo de verdade. Somos passageiros de uma viagem segura, com certeza da direção e do destino de chegada.
Que esse Natal traga para todos os nossos leitores, às vésperas de um novo milênio, muitas alegrias e, sobretudo, fé e confiança para a caminhada, na certeza de que o amor e a felicidade nos acompanhem sempre!
Borda da Mata, 18 de novembro de 1999."
Renovo-lhes votos de Feliz Natal e que 2.012 seja pleno de alegrias!
Gustavo Dantas de Melo

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

"Apelo à Paz"

          O saudoso Papa João XXIII, em encíclica de seu pontificado, fez séria advertência aos cientistas e cidadãos de todos os povos: a possibilidade de auto destruição da humanidade. Apesar da sua fantástica evolução científica e tecnológica, lamentou Sua Santidade o fato do homem ter utilizado sua inteligência também para “criação de instrumentos de ruína e de morte”, pondo em perigo a sua própria sobrevivência.
          Inegável o risco que todos corremos. Por esta razão, devemos cerrar fileiras com todos aqueles que lutam pela Paz.
         Hoje, trago para nossos leitores interessante apelo de um adolescente que, acredito, viveu momentos de notável inspiração divina. Confiram minha afirmativa com a leitura de tão singela, mas importante mensagem:
          Nos livros de história aprendemos que o nosso planeta Terra já assinou 8000 tratados de paz. Sinal que já aconteceram outros tantos confrontos armados. E o tempo que se passou entre uma guerra e outra foi tempo de paz. Foi tempo em que os homens se prepararam com mais ferocidade para mais uma guerra.
           Nós amamos a paz, precisamos da paz, não podemos viver sem paz. O mundo em que vivemos não é mais uma casa. Ele se transformou numa imensa jaula habitada por animais perigosos.
          Queremos paz entre os povos. Chega de guerras onde irmão mata irmão.
         Queremos paz em nosso Brasil. Não aguentamos mais o clima de violência, de desrespeito, de brutalidade, de roubos e assaltos em que vivemos.
          Que a criança possa estudar e brincar feliz!
          Que o menino de rua encontre corações generosos e abertos à solidariedade!
          Que o trabalhador possa receber o salário que lhe é devido por justiça!
           Que os estádios se encham de gente feliz que torce, que vibra, que respeita o time adversário!
           Que as bocas-de-fumo desapareçam dos nossos bairros!
          Que os bares da cidade tenham sempre menos frequentadores e nossas igrejas e templos fiquem repletos de gente que procura, de coração sincero, o Deus da Paz!
          Que haja comida na mesa de todos e trabalho honesto para quem quer ser gente de verdade!
         Que nunca mais haja mães chorando filhos mortos pela violência e pelo desamor!
         Que eu também, junto com todos os meus colegas, possamos contribuir, dia por dia, na construção de um mundo mais humano e mais digno!
         Obrigado.
         (Mensagem de Anderson da Silva Rosa, jovem estudante da 7a. série “E”, do Colégio Salesiano Dom Bosco de Porto Velho (RO), publicado na Revista “The Lion” de set/out/99).

sábado, 26 de novembro de 2011

"Educação dos Netos"

          Já se disse, com inteiro acerto, que os avós são “pais com açúcar”. E como isso é verdade! A relação neto-avô ou neto-avó de tão adocicada pode até ser algumas vezes prejudicial à educação do descendente.
          É certo que, no desempenho de minhas atribuições ministeriais de atendimento ao público, na época em que exerci a Promotoria de Justiça, testemunhei inúmeros conflitos e problemas decorrentes desta espécie de relação tão comum na vida familiar.
          É um grande e lamentável equívoco acreditar que somos muito experientes e que os filhos e netos devem aceitar, sem questionamentos, nossas decisões e conselhos. A verdadeira sabedoria ensina que “ninguém é dono da verdade”. Estar disposto a ouvir o que o outro tem a dizer e estar aberto ao diálogo é uma regra de vida que todos devemos adotar.
          No final do século, defrontei-me com uma crônica fantástica e muito interessante a propósito do tema. Guardei-a com merecido zelo e  carinho. Sem qualquer dúvida, a matéria traz a opinião abalizada e o testemunho de Maria Helena Brito Izzo, notável terapeuta clínica e familiar da conceituada Revista “Família Cristã”.
          Constitui para mim uma honra brindar os leitores deste “blog”, com tão ricos ensinamentos, que ora transcrevo com imenso prazer:
          “Muitas vezes, o pai e a mãe educam de um jeito e os avós acham que deveria ser de outro. E alguns excedem. Tiram a autoridade dos pais, dão ordens diferentes e exigem obediência. Isso é terrível, pois educar não é função dos avós. Claro que eles também se preocupam com os netos, trocam idéias com os filhos e sua experiência pode ser útil, mas sem tomar o lugar dos pais da nova geração, sugerindo e não impondo.
          Sem querer, os avós acham que sabem mais do que os filhos. Como vinham de uma posição de pais, na qual ditavam as regras, precisam de certo tempo para se adaptar à nova função. É natural, até certo ponto, que confiem mais neles próprios do que nos filhos e acabem se intrometendo. No entanto, não podem tirar a autoridade dos pais, a linha que eles querem dar à educação e o estilo de vida que escolheram.
          É um jogo muito difícil. Os avós têm todo o amor do mundo, querem dar ao neto tudo o que, talvez, não tenham dado aos filhos e, quem sabe, consertar o que fizeram de errado. É preciso, contudo, ter maturidade e sabedoria para se fazer presente sem se intrometer, permanecendo nos limites da função de avô ou avó.
         Um dia tive uma grande lição de minha filha, nesse sentido. Fiz tantas recomendações em relação aos cuidados com as crianças, que ela virou-se para mim e, calmamente, disse: 'Mãe, eles são os meus filhos!' Isso me serviu para o resto da vida. Entendi que avô é aquela pessoa que vai buscar na escola ou fica com as crianças, quando os pais precisam; se pode, dá um dinheirinho extra para os netos se divertirem; e enxuga suas lágrimas quando o pai ou a mãe briga com eles; mas não se mete além do necessário. Se a gente puder somar, maravilha! Mas dividir não será bom para ninguém.” (Autora supracitada, “Revista Família Cristã”, p. 26, agosto/1998)
          Borda da Mata, 26 de novembro de 2.011.
          Gustavo Dantas de Melo

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"Como é possível ser feliz"

          Todos buscamos a felicidade, mas muitas vezes ficamos confusos e inseguros. Qual seria o segredo, a chave para sua conquista?
           - Na verdade, não existe uma receita de felicidade. Ela se constrói no dia a dia. Exige esforço pessoal na convivência com os outros. Pressupõe a capacidade de se relacionar bem com todos e se sentir em paz, por estar bem consigo mesmo e com o próximo.
          Ser feliz é viver a alegria de servir e ser útil àqueles com quem nos relacionamos. É amar e querer bem as pessoas que nos cercam. É, assim, principalmente, um estado de espírito, de realização pessoal; algo que se encontra dentro de nós mesmos e não o percebemos nos bens e coisas exteriores. Como já tivemos oportunidade de afirmar, “coisas não têm sentimento”.
          Há muitas pessoas pobres felizes com o pouco que possuem e, outras infelizes, embora com muitos bens materiais. Se me sinto infeliz, com certeza, de nada me adianta viajar para Paris, ou qualquer outra cidade maravilhosa, pois levo comigo a amargura que me entristece. Minha mágoa interior me acompanha onde quer que eu esteja.
         A propósito, a terapeuta familiar Maria Helena Brito Izzo, em interessante artigo publicado na conceituada Revista “Família Crista”, de forma precisa, fez observações magistrais que constituem verdadeira regra de vida:
          “Existem pessoas que vivem em função do 'fui feliz' e outras do 'vou ser feliz'. Pode-se tirar do passado um aprendizado, boas ou más recordações, mas ele já se foi.
          O amanhã a gente apenas espera. Dependendo do que se faz agora, constrói-se ou não um futuro feliz.
          A felicidade precisa ser vivida no presente. Do contrário, corre-se o risco de jamais encontrá-la ...
          No fundo, porém, todos nós queremos ser felizes, viver com alegria, paz, saúde, trabalho e boa qualidade de vida. Ser feliz, entretanto, também significa vencer obstáculos, enfrentar desafios, aprender com a vida e criar energias positivas.
          A gente é feliz porque está vivo, sonha, ama, procura, acredita, pensa e realiza.
          A felicidade, na verdade, é muito simples. As pessoas é que complicam tudo. Ela está bem perto de nós, nas coisas mais simples e pequenas do cotidiano ...”
          Finalmente, importante acrescentar o que nos parece o ponto crucial do tema enfocado. Ninguém poderá encontrar a felicidade se não a busca na “Fonte”. Impossível ser feliz, sem ter fé e confiança em Deus, que é nosso Pai. É Ele o Senhor da vida, nossa segurança e bem maior.
          O essencial é a certeza da eternidade revelada por Jesus. A esperança de que o epílogo desta vida passageira é a volta à Casa do Pai, ao lugar que nos está preparado para a posse definitiva da paz e da plena felicidade.
          Borda da Mata, 23 de novembro de 2.011.
          Gustavo Dantas de Melo

domingo, 20 de novembro de 2011

"Tempos Modernos e Relacionamento Familiar"

A psicologia e a vida nos ensinam que o homem necessita mais de carinho do que pão. Principalmente nos seus primeiros anos, o aconchego aos filhos é condição indispensável à sua saudável evolução psíquica. A carência afetiva à criança traz-lhe traumas profundos, problemas sérios e complexos em sua vida íntima e a nível de relacionamento com os outros. Isto acontece simplesmente porque o amor é condição “sine qua non” da felicidade do ser humano, assim como as flores não podem se abrir sem a luz do sol. O homem é filho de Deus, que é Amor. Sua vocação é o querer bem aos outros, sentimento que lhe proporciona alegria e realização. O ódio é uma aberração, uma doença, que lhe causa tristeza e amargura.
A fonte natural do carinho necessário à segurança e harmonia do desenvolvimento humano é a FAMÍLIA. Instituição básica, que jamais deixará de representar o fundamento da sociedade e da Pátria. É ela como uma verdadeira forja de cidadãos autênticos, conscientes de seus direitos e deveres. Sem dúvida, é no colo materno, no aconchego dos pais e na convivência com seus irmãos, que a criança encontra as condições propícias a uma evolução normal e equilibrada. Daí a importância da família como fundamento essencial para a formação do ser humano, preparando-o para os relacionamentos na escola e, mais tarde, no trabalho e na vida comunitária.
Quando falta o amor na infância, o prejuízo afetivo se torna praticamente irrecuperável. Crianças sem carinho, abandonadas: jovens problemáticos, violentos, viciados, infratores; não raras vezes, futuros criminosos, explodindo nos outros e na sociedade a revolta e o ódio que lhes consome o coração. É um desabafo que pouco lhes importa venha atingir pessoas inocentes, como se estas fossem também co-responsáveis pelos problemas que aquelas enfrentam.
Nos dias de hoje, mais do que nunca, é necessária a conscientização da importância da vida familiar. A modernidade trouxe a revolução nos meios de comunicação e a babá eletrônica roubou o tempo necessário à troca de idéias, ao diálogo familiar entre pais, filhos, irmãos, parentes e amigos, cada vez mais escasso. Quem não tem saudades das descontraídas reuniões familiares de lazer, de bate-papo até altas horas da noite?
É preciso reconhecer o prejuízo que toda essa agitação da vida moderna nos trouxe. É a era da informática e da comunicação, do computador eletrônico, da TV digital, “facebook”,ipad”, “orkut”, do relacionamento “on line”, via “internet”, encurtando fantasticamente as distâncias. Sem dúvida, era de grande conforto, mas, por outro lado, nos custou um preço muito alto.
É um corre-corre pra lá e pra cá. Um trabalho insano que nos consome os dias e as horas e que parece nunca ter fim. Ninguém tem mais tempo para nada. A alienação é total! Conversar como? O rádio e a TV estão ligados desde cedo, trazendo notícias e melodias preferidas das últimas paradas de sucesso; também não se pode perder o interessante capítulo da novela, os filmes ou o jornal nacional. Assim, paradoxalmente, vivemos também a era do egoísmo e do isolamento implantados pelo computador, rádio e TV.
Isso tudo nos questiona muito e nos obriga a buscarmos uma forma de repensar o que estamos fazendo no dia a dia. Enfim, é preciso encontrar uma solução, um meio termo capaz de conciliar o interesse de usufruir das vantagens da modernidade, sem esquecermos das riquezas do convívio familiar.
No terreno moral, vivemos a era do “tudo é permitido”, “nada é proibido” e alguns chegam ao cúmulo de pretender “liberação total”. Assistimos o afrouxamento dos costumes, a corrupção, o vício mortal das drogas, a banalização do sexo, a dissolução dos vínculos familiares e a falta de religiosidade.
Muitos se esquecem de que, na hierarquia de valores, Deus deve ocupar o primeiro lugar. Vivem desnorteados, sem direção, olvidando que a vida é uma simples passagem rumo à eternidade. Não se lembram das lições do Mestre, preferindo ser servidos, sem a alegria de “servir”. Apegam-se a valores passageiros e não trilham caminhos seguros, da verdadeira felicidade. Seduzidos pelo falso brilho das drogas, do apego aos bens materiais e das ilusões fugazes, buscam os atalhos da perdição e da ruína.
Para onde estamos caminhando? O que para nós é de fato importante?
Roguemos ao Senhor sabedoria para distinguirmos o que não deve ter muita importância e para cultivarmos os valores realmente essenciais da existência. Ainda é tempo de repensarmos a vida. Nunca é tarde para mudarmos o que precisa e deve ser urgentemente modificado.
Borda da Mata, 20 de novembro de 2.011
Gustavo Dantas de Melo

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

"Homenagem Póstuma a José Pinheiro"

Na semana passada, noite de 8 de novembro, chegava em nossa cidade a notícia do falecimento do nobre amigo José Álvaro Pinheiro Neto.
O triste acontecimento nos pegou de surpresa, pois, embora em idade avançada (93 anos), Senhor José Pinheiro desfrutava de boa saúde. Era ele um homem de personalidade marcante: alegre, comunicativo, religioso, solidário nas causas sociais e de acentuado espírito cívico. Gostava de participar das celebrações de sua comunidade. Sempre alegre, gentil e bondoso, um homem de bem com a vida, um verdadeiro “gentleman”. Por isso mesmo, conquistou muitíssimos amigos aqui em Borda da Mata, cidade natal que muito amou.
Há pouco mais de um ano, perdera sua prendada esposa, Dona Edith, sua alma gêmea. Dava para perceber como lhe foi dolorosa sua falta, o que segredava a seus amigos mais chegados.
José Álvaro Pinheiro Neto se orgulhava muito de ser filho de Borda da Mata. Muito cedo foi para São Paulo, cidade que o acolheu generosamente. Lá construiu sua família e se dedicou a várias atividades profissionais e sociais. Foi empresário e comerciante, chegando a estabelecer-se como proprietário de bar na Avenida São João e ainda armazém, no ramo de secos e molhados.
Dedicado ao trabalho e líder nato, em tempos difíceis , chegou a presidir o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Cinematográfica. Foi esportista e torcedor do tricolor paulistano, ajudando a fundar a equipe do São Paulo e a fortalecer sua grande torcida. Colaborou na construção do Morumbi, chegando inclusive a vender títulos e cadeiras cativas para o sucesso do empreendimento do seu time do coração.
Há 35 anos, após sua aposentadoria, decidiu retornar com sua amada Dona Edith para sua querida Borda da Mata, ocasião em que mantiveram uma agência da Loteria Esportiva. O estimado casal pode então desfrutar do convívio desta cidade acolhedora e, com generosidade, ofertar amizade e carinho aos seus inúmeros amigos e amigas.
Porém, neste último ano, nem o carinho de sua família, que sempre o amou muito, nem a estima de seus conterrâneos puderam aplacar a dor e a saudade de Dona Edith. A solidão lhe desassossegava a alma e o coração. A saudade da esposa amada o entristecia. Até que, como que adivinhando a hora da morte, foi rever e se despedir de suas filhas, genros e netos em São Paulo, onde veio a falecer. De lá hoje volta para sua querida terra natal, pela última vez, para unir-se a ela para sempre, como prometeram um ao outro, há 68 anos passados.
Edih e José agora continuam juntos, como tinha de ser.
Rogamos a Deus sejam acolhidos na morada que lhes está preparada, desde sempre, desfrutando de merecida posse definitiva do Amor e da Paz.
À família enlutada por tão grande perda, os sentimentos de pesar e solidariedade de seus amigos e conterrâneos.
Borda da Mata, 17 de novembro de 2.011.
                   Gustavo Dantas de Melo

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

"Amar é dar-se"

          O amor é uma estrada de mão única. Ela sai sempre de você para ir aos outros. Cada vez que você toma um objeto ou alguém para si, você cessa de amar, porque pára de dar. Você anda na contra-mão.
          Tudo aquilo que você encontra em seu caminho é feito para permitir que você ame cada vez mais: o alimento para sustentar a vida que você deve dar minuto por minuto; o automóvel para que você possa dar-se mais depressa; o disco, o filme, o livro para enriquecê-lo, distraí-lo e ajudá-lo a dar mais e melhor; os estudos para conhecer e permitir que você sirva melhor os outros; o trabalho para dar sua parte de esforço na construção do mundo, na obtenção do pão de cada dia; o amigo para se darem um ao outro e juntos, mais ricos, entregarem-se aos outros; o esposo, a esposa para juntos darem a vida; a criança para dá-la ao mundo e depois a um outro ...
          Siga a estrada! Acolha tudo o que for bom, mas para dar tudo. Se você guardar para si alguma coisa ou alguém, não diga que ama esse objeto ou essa pessoa, pois no instante que você o separa para retê-lo - mesmo que fosse por um só instante - o amor morre em suas mãos.
          Se você colhe flores é para fazer com elas um buquê. Se você faz um buquê é para oferecê-lo à sua amada ... porque a flor não foi feita para murchar em suas mãos, mas para trazer alegria e fazer nascer o fruto. Se ao colhê-la, você não tem coragem de oferecê-la, continue o seu caminho.
          Assim, na vida: se você se sente incapaz de passar diante de um objeto ou de um rosto sem tomá-los só para você, então siga seu caminho. Para amar é preciso ser capaz de renunciar-se a si mesmo.
          Se você estiver “preso”, para amar é preciso “desprender-se”. Ser desprendido não é ser indiferente; ao contrário, é estimar, admirar, saborear, amar de tal forma que não queira monopolizar, ou permanecer um único instante sem fazer os outros participarem de suas riquezas. O verdadeiro amor torna-nos livres, porque nos liberta das coisas e de nós próprios.
          Ama mais aquele que dá mais. Se você quiser amar até o fim, precisa estar pronto a dar toda a sua vida, isto é, a morrer para si mesmo, pelos outros e pelo outro.
          (Da obra “Construir o Homem e o Mundo” de Michel Quoist, edição “Livraria Duas Cidades”, 35a. ed., págs. 173/175).

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

"O detento Cintura Fina"

Bom humor faz bem à saúde. Pessoas amargas e rancorosas, de mal com a vida, costumam afastar os outros.
Meu amigo, Dr. Sílvio Fausto de Oliveira, neto de meu padrinho José Modesto, é um exímio e bem humorado contador de estórias. Falante e extrovertido, toda vez que nos encontramos, gosta de narrar os seus casos, sempre divertidos.
Hoje, tenho a alegria de trazer para cá uma das crônicas de sua notável obra “Recordações Pitorescas de Barro Preto”, Editora Vitória, edição 1993, páginas 187/188. O livro retrata muito bem o excelente humor do seu autor. O personagem “Cintura Fina”, embora pareça real, com certeza, é pura criação da fértil imaginação do preclaro amigo, promotor de justiça aposentado, atualmente morador da bela cidade de Uberaba/MG:
        “José Plutarco de Arimatéia era um rapagão moreno, um quarentão desengonçado, um carioca divertido, conhecido nas rodas da prostituição pela alcunha de Cintura Fina. A polícia também o distinguia, mas como exímio navalhista do antro das mariposas, assim chamada a zona boêmia da cidade. José Plutarco de Arimatéia não tinha nenhum parente ou amigo, nenhum vínculo com a terra do Manduri, ninguém sabia explicar como foi que ele um dia surgiu na cidade.
          Naquela época, como os desmunhecados não faziam concorrência às mulheres do meretrício, José Plutarco de Arimatéia ganhava a vida trabalhando como garçon na boite Alvorada. Graças a sua delgada silhueta e os requebros com a bandeja, pelo salão de dança, servindo os fregueses, ele recebeu o sugestivo apelido de Cintura Fina. Apesar dos vários anos que morou na pequena cidade de Barro Preto, jamais perdera o sotaque do carioca da gema, pois sempre puxava os “erres” com muita sutileza e elegância.
Certa madrugada, quando o movimento da boite estava pra lá de fraco, as putas sonolentas nas mesas, um gaiato embriagado e insolente resolveu tirar umas casquinhas do Cintura Fina. Foi o bastante para que o carioca, criado no morro, no meio da nata da malandragem, virasse uma fera, distribuísse sopapos no atrevido, obrigando os policiais militares, em número de cinco, a intervir. No meio do entrevero, Cintura Fina sacou da navalha e desferiu golpes a torto e a direito, defendendo-se como pode, até que foi dominado e preso. No final da refrega, Cintura Fina apresentava muitas escoriações pelo corpo; e os milicianos, ferimentos cortantes nos braços e nas mãos.
Certo dia da semana, o promotor de justiça, conforme determinação legal, na companhia do carcereiro, foi fazer uma visita de praxe na cadeia da cidade. Ao passar pela cela seis, se assustou ao ver sentada na cama o vulto de uma mulher bem vestida e bem pintada. O representante da sociedade, embora surpreso, não titubeou, pois virou-se rápido para o carcereiro e protestou:
- Dedé, como é que o senhor colocou na mesma cela, no meio de tantos presos do sexo masculino, uma mulher?
- Doutor, esse cara aí é homem, mas efeminado. É o famoso Cintura Fina, que gosta de se vestir de mulher - esclareceu o aflito guarda da cadeia.
Nesse instante, aproximou-se da porta da cela uma mulher de turbante colorido na cabeça, vestida de blusa escarlate, que escondia um volumoso sutiã, de saia marrom comprida e rodada com uma faixa larga de seda castanho apertando o fino quadril, de sapato alto, cheia de bijuterias cobrindo o pescoço e enfeitando os braços, de batom nos lábios e ruge rosa nas faces. Entre o vão da grade, Cintura Fina estendeu a mão de unha esmaltadas, e numa voz amaricada falou:
- Muito prazer, doutor promotor. Eu me chamo José Plutarco de Arimatéia, mas todos me conhecem por Cintura Fina.
O promotor de justiça não respondeu a saudação, mas logo compreendeu o que estava acontecendo no presídio. Sem demonstrar nenhuma perplexidade diante do inusitado quadro, procurou de imediato uma solução para o intrincado problema. Para tanto, perguntou ao efeminado detento porque ele estava preso, quanto tempo ainda faltava para cumprir a pena, e se ele não desejava, porventura tivesse direito, ganhar a alforria, tirar o restante da pena em liberdade condicional. Mal o doutor ouviu do carcereiro que o preso estava cumprindo pena de dois anos e quatro meses de reclusão, pelo crime de furto, em regime fechado, mas que iria, quanto antes, transferi-lo para uma cela individual, na ala correcional, Cintura Fina encostando a boca no meio das grades, numa voz melosa, interveio:
Doutor, muito obrigada, daqui não saio nunca, nem morta!”
Sílvio Fausto de Oliveira (obra citada)

sábado, 5 de novembro de 2011

"Juiz Iluminado"

         O artigo de um juiz, publicado em jornal de grande circulação, é de causar emoção nas almas mais insensíveis.
          Seu artigo diz o seguinte:
          “Indaga-me, jovem amigo, se as sentenças podem ter alma e paixão. O esquema legal da sentença proíbe que tenha alma, que nela pulsem a emoção, conforme o caso. Na minha própria vida de juiz senti, muitas vezes, que era preciso dar sangue e alma às sentenças.
          Como devolver, por exemplo, a liberdade a uma mulher grávida, presa porque trazia consigo algumas gramas de maconha, sem penetrar na sua sensibilidade, na sua condição de pessoa humana? Foi o que tentei fazer ao libertar Edna, uma pobre mulher que estava presa, há oito meses, prestes a dar à luz, com o despacho que a seguir transcrevo:
          'A acusada é multiplicadamente marginalizada:
           Por ser mulher, numa sociedade machista...
          Por ser pobre, cujo latifúndio são os sete palmos de terra dos versos imortais do poeta...
         Por ser prostituta, desconsiderada pelos homens, mas amada por um Nazareno que, certa vez, passou por este mundo...
         Por não ter saúde...
         Por estar grávida, santificada pelo feto que tem dentro de si...
         Mulher diante da qual este juiz deveria se ajoelhar numa homenagem à maternidade, porém, que, na nossa estrutura social, em vez de estar recebendo cuidados pré-natais, espera pelo filho na cadeia...
         É uma dupla liberdade a que concedo neste despacho:
         Liberdade para Edna e liberdade para o filho de Edna que, se o ventre da mãe puder ouvir o som da palavra humana, sinta o calor e o amor da palavra que lhe dirijo, para que venha a este mundo com forças para lutar, sofrer e sobreviver...
         Quando tanta gente foge da matenidade...
        Quando pílulas anticoncepcionais, pagas por instituições estrangeiras, são distribuídas de graça e sem qualquer critério ao povo brasleiro...
        Quando milhares de brasileiras, mesmo jovens e sem discernimento, são esterilizadas...
        Quando se deve afirmar ao mundo que os seres têm direito à vida...
       Que é preciso distribuir melhor os bens da terra e não reduzir os comensais...
       Quando, por motivo de conforto ou até mesmo por motivos fúteis, mulheres se privam de gerar, Edna engrandece hoje este Fórum, com o feto que traz dentro de si...
       Este juiz renegaria o seu credo, rasgaria todos os seus princípios, trairia a memória de sua mãe, se permitisse sair Edna deste Fórum sob prisão.
        Saia livre, seja abençoada por Deus!
        Saia com seu filho, traga seu filho à luz!
       Porque cada choro de uma criança que nasce é a esperança de um mundo novo mais fraterno, mais puro e, algum dia, mais cristão...
        Expeça-se incontinenti Alvará de Soltura!'”
       O artigo vem assinado pelo meritíssimo juiz João Batista Kerkenhoff, livre-docente da Universidade Federal do Espirito Santo (Os grifos são meus).

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

"Carta de Abrahan Lincoln ao Professor do seu Filho"

         É sempre prazeroso encontrar uma leitura agradável e que traz lições de vida. Nem sempre isto acontece. 
         Por isso, é uma satisfação imensa trazer-lhes esta página luminosa de um homem que fez história e seus ensinamentos perpassam séculos afora: 
         “Caro professor, ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros; mas, por favor, diga-lhe que para cada vilão há um herói, para cada egoísta há um líder dedicado.
          Ensine-o, por favor, que para cada inimigo haverá também um amigo; ensine-o que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada.
         Ensine-o a perder, mas também a saber gozar da vitória; afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso.
         Faça-o maravilhar-se com os livros, mas o deixe também perder-se com os pássaros do céu, as flores do campo, os montes e os vales.
         Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa; ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos.
         Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros; ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.
         Ensine-o a ouvir todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho; ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que, por vezes, os homens também choram.
         Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.
         Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço; deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.
        Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.
        Eu sei que estou pedindo muito, mas veja o que pode fazer, caro professor.
         Abraham Lincoln, 1.880.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

"Finados: Dia de Esperança"

         “E Deus enxugará toda lágrima de seus olhos” (Apoc. 21, 1.4)

         Mais um “Dia de Finados” se aproxima, despertando em cada um de nós a lembrança dos entes queridos que se foram. São inúmeras as recordações do nosso convívio com essas pessoas que, infelizmente, partiram, deixando conosco imensa saudade dos bons momentos que juntos passamos. Também como é grande o nosso desejo de conhecermos um dia tantas pessoas que fizeram parte de nossas famílias e faleceram mesmo antes de nossa chegada a este mundo!
         Sem dúvida, Finados é um dia de ESPERANÇA! Esperança do reencontro feliz que, certamente, acontecerá, depois de nossa “passagem” desta para a eternidade. Na morada de Deus, nosso Pai, está revelado ser o lugar onde não haverá mais dor, nem lágrimas, nem preocupações, mas tão somente alegria e felicidade. Lá se encontra também Maria Santíssima, nossa Mãe, para o Céu levada pelos anjos do Senhor, de corpo e alma, tanto que não conhecemos o túmulo da Mãe de Jesus, local que, se existisse, os cristãos de todos os tempos estariam em constante peregrinação.
         Como é bom ter no coração esta esperança, que nasce da fé nas revelações de Jesus, nosso irmão mais velho, que veio a este mundo para nos libertar e trazer a mensagem do Pai contida nos Evangelhos. Não podemos ter medo da morte, pois Jesus, em sua experiência de humanidade, também morreu e, sendo sepultado, já santificou todos os nossos túmulos... E, o que é mais importante: ressuscitou, vencendo a morte.
         Tudo isso nos conforta, encoraja e reforça em nosso íntimo a certeza de que a vida não termina com a morte. Robustece a nossa esperança desse reencontro com nossos familiares, amigos e conhecidos. O amor jamais acabará e será, certamente, o sentimento a permanecer presente na eternidade (Cor. 13, 8: “O amor nunca jamais há de acabar...”)
         Acreditamos, firmemente, que quando nossos olhos se fecharem para esta terra, descortinar-se-á o horizonte de um mundo melhor, pleno de paz e felicidade. Olhos jamais viram e ninguém jamais poderia imaginar, com seus limites de ser humano, o que deve ser a Casa do Pai, Criador do Universo!
         E, se apesar de nossas falhas, Ele nos receber como fez ao filho pródigo, dará uma festa. E essa festa só terá graça e nos sentiremos totalmente felizes, se dela participarem todos aqueles que tanto amamos aqui e que desejamos, um dia, lá estejam conosco, livres também de todas suas mazelas e imperfeições.
         Esta é a grande esperança que enche de sentido e ilumina a nossa breve passagem por este mundo, rumo à vida eterna.
         Borda, 01/11/2011.
         Gustavo Dantas de Melo

sábado, 29 de outubro de 2011

"O melhor de Ágape do Padre Marcelo Rossi"

         Ninguém pode negar o extraordinário carisma do estimado Padre Marcelo Rossi, um dos mais respeitados sacerdotes católicos, sempre atuante nos meios de comunicação social.
         Quando do nascimento de minha 6ª neta, Ana Luíza, me encontrava no Hospital e Maternidade São Luiz de São Paulo, comprei um exemplar do livro “Ágape”. Daí, não só a alegria e emoção de ser avô, uma vez mais, tomou conta do meu coração; também passei a conhecer o lado do padre escritor, comentando de forma magnífica a Palavra de Deus.
          Chamou-me a atenção suas orientações a propósito do Evangelho de São João, capítulo 1, versículos 1 /18.
          “O texto... fala ainda da luz que veio ao mundo para iluminar...
          O tema da luz está presente em toda a Palavra de Deus. A criação do mundo e do homem é uma vitória da luz sobre as trevas. São Paulo revela que o cristão é filho da Luz.
          E o que significa ser filho da Luz?
          O sentido de trevas ou escuridão é dado àquilo que não se vê ou àquilo que não se pode ver porque envergonha. A violência, a corrupção, a mentira, o pecado nos remetem para as trevas. Um marido que espanca a mulher ou que trai sua relação esconde a ação vergonhosa. O pai que mente para o filho ou o filho que mente para o pai não quer ser descoberto. O falso médico, o advogado mentiroso, o politico desonesto, o motorista embriagado, todos de alguma maneira vivem na escuridão. A luz revela. Se há alguma sujeira na casa e as luzes estão apagadas, as pessoas não conseguem perceber a ausência do cuidado, da limpeza. Quando a luz se acende, o que era sujo começa a incomodar.
          Cristo é o Filho da Luz...Quem vive no escuro tem medo da luz. Quem passa alguns dias dentro de um quarto escuro com as janelas fechadas, quando entra a primeira fresta de luz, tem a sensação de cegueira de tanto que a luz incomoda. É preciso se acostumar com a luz para que os olhos enxerguem, de fato, a paisagem que antes estava escondida.
          A escuridão nos remete aos erros. Não os erros que cometemos. Errar faz parte. A escuridão faz parte dos erros em cuja permanência insistimos. Há tantos erros que são facilmente percebidos, mas a nossa teimosia e comodismo nos impedem a busca de uma nova vida. E incorremos nos mesmos erros. Evidentemente, há doenças que maculam uma vida. Sei o quanto irmãos nossos, doentes do alcoolismo, tentam se livrar e não conseguem. Não julguemos. Há muitos que acusam esses irmãos de vadios, irresponsáveis, fracos. Alcoolismo é uma doença. O usuário das drogas ilícitas também vive num inferno. O inferno do vício, o inferno da escravidão. Por isso prevenir é tão importante. Quando o problema surge, é preciso paciência, perserverança e muito amor. Não se retira um filho das drogas com espancamento nem com expulsões. Quando o vício já faz parte da vida de um jovem, é preciso mais cuidado ainda, mais amor ainda para que uma nova vida possa surgir. Uma vida iluminada.
          A luz é a novidade. A paisagem só pode ser contemplada verdadeiramente sob a luz. Sem sujeiras...”
        (Excertos do livro “Ágape”, Editora Globo, 1ª edição / 2010, págs. 32/33)    Borda , 29/10/2011 - Gustavo Dantas de Melo